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Consed manifesta preocupação com redução do gasto público

 Em nota técnica, o Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed) alerta que os estados vêm gastando mais em
aulas remotas e outras ações durante a pandemia do novo coronavírus (covid-10)
e que, por outro lado, as receitas vêm caindo. 
 “Trata-se, portanto, de um cenário muito
preocupante, que indica que haverá uma retração significativa do gasto público
com educação no país em 2020”, diz a nota. 
 De acordo com o Consed, há um descompasso
entre receitas e despesas em educação em 2020. “Estamos observando quedas
importantes das arrecadações estaduais, que representariam algo próximo de R$
20 bilhões a menos de recursos para educação e a necessidade de ofertar novas
soluções de ensino não presencial que, até o momento, somam R$ 1,9
bilhão”. 
 Segundo o Consed, os estados estão tendo
despesas não previstas no início do ano letivo, como, por exemplo, com a oferta
de ensino remoto, por meio de aulas mediadas por tecnologia e envio de materiais
didáticos; com a segurança alimentar dos alunos; com formação de professores
para o ensino remoto; com elaboração de materiais e guias informativos; e com a
compra de materiais de enfrentamento ao vírus, como álcool. Ao todo, as
secretarias estimam que esses gastos cheguem a R$ 1,9 bilhão. 
 Há ainda gastos previstos para possibilitar a
volta às aulas, como com a realização de avaliações diagnósticas para
identificar as lacunas de aprendizagem dos estudantes, oferta de reforço
escolar e ações sanitárias preventivas de cuidado à saúde dos estudantes e
funcionários. 

 Queda
nas receitas 

 De acordo com a nota técnica, enquanto as
despesas crescem, as receitas diminuem. As secretarias estaduais de Educação
identificaram um cenário de contingenciamento do orçamento inicialmente
previsto de cerca de 12%, em média ponderada, devido à crise causada pela
pandemia. “Buscar a promoção do ensino público de qualidade, de forma
equitativa, demanda que os recursos da educação sejam no mínimo mantidos a fim
de que as redes estaduais e municipais intensifiquem seus esforços, até o fim
do ano letivo de 2020, com condições orçamentárias e financeiras para não
deixar nenhum aluno sem acesso a seu direito constitucional da educação”,
propõem os secretários. 
 Considerando apenas o Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), com base em informações captadas das
secretarias de Fazenda dos estados, o Consed calcula uma queda da receita de
15% a 20% apenas no mês de março, em comparação ao mesmo período de 2019. O ICMS
é a principal fonte de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb) que, por sua vez, é a principal fonte de financiamento
da educação básica, respondendo por mais de 60% do financiamento de todo ensino
básico do país, etapa que vai do ensino infantil ao ensino médio. O fundo é
composto por recursos que provêm de impostos e transferências da União, estados
e municípios. 
 A queda de arrecadação do ICMS representa, de
acordo com a projeção do Consed, uma redução de R$ 20 bilhões no que seria
destinado às escolas públicas. “Do ponto de vista orçamentário, a situação da
educação pública se agrava rapidamente e é cada vez mais aterrorizante. Todos
os sinais de alerta já estão ligados”. 
 O Consed considera urgente que sejam tomadas
medidas para que o cenário não se agrave. Entre elas, a votação e aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 15, de
2015
, que torna o Fundeb instrumento permanente de financiamento da
educação básica pública. O Fundo, criado em 2006, tem validade até o final
deste ano. Projetos para tornar o fundo permanente tramitam no Congresso
Nacional. 

 MEC

 O Ministério da Educação (MEC) disse, por meio
de nota, que mantém diálogo constante com o Consed, além de outras entidades
que representam as comunidades escolar e acadêmica, “com o intuito de
estabelecer medidas conjuntas que sejam as mais assertivas neste momento de
enfrentamento à pandemia do coronavírus”.
 O MEC ressalta que criou o Comitê Operativo de
Emergência (COE), em que o próprio Consed e outras entidades e órgãos
vinculados ao ministério fazem parte, para discutir, de forma integrada, “as
melhores soluções, dentro dos princípios da legalidade e da razoabilidade,
visando o bem comum”. A pasta diz ainda que reúne no portal na internet as medidas que foram tomadas durante a
pandemia.
Foto: Tania Rego