Jogadores da Seleção pediram uma reunião com o presidente da CBF, Rogério Caboclo. Diante de 469 mil mortos pela pandemia no país, não querem jogar a Copa América. Os ‘europeus’, grande maioria, alegaram ‘cansaço’
O que deveria uma vitória para a CBF, para o presidente Rogério Caboclo, pode se tornar um fiasco inesquecível.
Os jogadores da Seleção Brasileira não querem disputar a Copa América.
Eles pediram e tiveram uma reunião com Tite, o restante da Comissão Técnica e o presidente Caboclo.
A conversa aconteceu ontem.
Os atletas alegaram que não se sentem seguros por conta da pandemia no Brasil. Inclusive com os confrontos com jogadores de países que puderam ter contato com a cepa indiana da Covid-19. Fora o fato de o país já ter mais de 469.700 mortos pela pandemia.
Não há o que celebrar. Não há clima para uma competição internacional.
Além de alegarem esgotamento físico do final de temporada, para os jogadores que atuam na Europa, a enorme maioria do elenco.
Eles querem, sim, disputar as partidas das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo do Catar, amanhã contra o Equador, em Porto Alegre, e na terça, diante do Paraguai, em Assunção.
“Temos uma opinião muito clara e fomos lealmente, numa sequência cronológica, eu e Juninho, externando ao presidente qual a nossa opinião. Depois, pedimos aos atletas para focarem apenas no jogo contra o Equador.
“Na sequência, solicitaram uma conversa direta ao presidente.
“Foi uma conversa muito clara, direta.
“A partir daí, a posição dos atletas também ficou clara. Temos uma posição, mas não vamos externar isso agora. Temos uma prioridade agora de jogar bem e ganhar o jogo contra o Equador. Entendemos que depois dessa Data Fifa as situações vão ficar claras“, disse Tite.
Se todos fossem a favor da Copa América, o treinador havia confirmado e ponto final.
O incômodo de Tite com a situação era nítido na coletiva obrigatória de imprensa, antes da partida de amanhã. Que não contou com nenhum jogador. O capitão da partida de amanhã deveria estar ao lado do técnico. Mas nada de Casemiro.
Acabou se tornando claro o motivo de os atletas não terem dado entrevistas, a lei da mordaça, em Teresópolis.
A cúpula da CBF sabia que os convocados não queriam disputar a Copa América no Brasil. E iriam externar essa vontade nas coletivas. Daí terem sido canceladas.
Como a CBF já confirmou a competição para a Conmebol, que divulgou sede e tabela, com o apoio do governo federal.
A saída seria simples.
Tite tem até o dia 10, uma semana ainda para a convocação para a Copa América. Ele deixaria de fora os atletas da Europa e chamaria jogadores que atuam no Brasil. No máximo, por exemplo, dois por clube, para não atrapalhar de vez o Campeonato Brasileiro que não vai parar durante a competição.
A situação é muito complicada.
Até Tite também não está satisfeito com o torneio no Brasil, ainda vivendo o auge da pandemia. Tanto que ele fugiu, não quis expor o que pensa sobre a disputa do torneio no país.
“Depois desses dois jogos, vou externar a minha posição.”
A situação é simples.
O Brasil não pode desistir do torneio que ele mesmo promove.
O governo já confirmou a competição.
O presidente Jair Bolsonaro e o Ministério de Saúde autorizaram.
Não há como a CBF recuar.
Caboclo jamais imaginaria essa postura dos atletas.
E nem de Tite.
Eles não querem enfrentar a rejeição de grande parte da sociedade brasileira à Copa América.
A solução está programada para ser oficializada na quarta-feira, dia nove. Após o jogo contra o Paraguai.
Mas antes disso, haverá muitas reuniões.
E pressão da CBF nos jogadores da Seleção.
Para que recuem, voltem atrás na decisão de não jogar a Copa América.
O clima é muito tenso na concentração do Brasil…
Fonte: R7
Foto: Divulgação