TCE

O composto químico desenvolvido quando impregnado ao tecido, também evita a ação do vírus
 Desafiadas pela pandemia da covid-19, indústrias
brasileiras intensificaram pesquisas e desenvolvimento de tecidos inteligentes,
capazes de neutralizar o coronavírus e várias bactérias. A Rhodia do Brasil
criou um fio de poliamida antiviral e antibacteriano para confecção de tecidos
para diversas aplicações, como vestuários e bancos de veículos. A startup Nanox
desenvolveu um composto químico que, impregnado ao tecido, também evita a ação
do vírus.
 A pandemia foi o que levou a Rhodia a apressar
o desenvolvimento do fio com ativos que bloqueiam a contaminação e a
proliferação de vírus e bactérias. Se o tecido feito com o fio receber o vírus
(por toque de mãos ou espirros, por exemplo), ele se torna inativo e perde a
capacidade de contágio. Seu efeito é permanente, ou seja, não perde a
capacidade após lavagens.
 A Rhodia já começou a exportar o fio, chamado
de Amni® Virus-Bac OFF para a Itália e negocia com outros países da Europa,
Ásia e EUA. O produto teve sua eficácia comprovada por laboratório
independente, seguindo protocolos têxteis das normas internacionais ISO 18184 e
AATCC100. Ele também neutraliza também outros vírus como influenza e
herpesvírus.
 O professor
Fernando Barros de Vasconcelos, que coordenou por 40 anos o curso de engenharia
têxtil da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), afirma que há alguns anos a
indústria passou a agregar aos tecidos tecnologias com diferentes atributos,
como proteção solar, anticelulite e que ajudam em cicatrizações. “A Rhodia
é pioneira na tecnologia de aplicar produtos dentro dos fios de poliamida para
diferentes funções”, diz.
 “O fio não é um escudo contra o
coronavírus, mas algo adicional no seu combate para trazer mais segurança aos
usuários, e não substitui os cuidados orientados pela Organização Mundial de
Saúde (OMS)”, ressalta Renato Boaventura, vice-presidente de Poliamida e
Fibras da Rhodia.

 Proteção em carros

 Única empresa homologada pela Rhodia para
fabricar e distribuir produtos com o novo fio para o setor automotivo, a
Chroma-Líquido Tecidos Tecnológicos vai colocar no mercado, ainda este mês,
capas protetoras para bancos de veículos que serão vendidas em concessionárias.
 Segundo Luís Gustavo de Crescenzo,
sócio-diretor da Chroma-Líquido, cinco montadoras já pediram estudos para uso
do tecido nos bancos na fase da produção dos carros.
 A empresa é uma joint venture entre a Chroma,
que atua na prestação de serviços para o setor automotivo, e da Líquido, da
área têxtil. A empresa também tem exclusividade de fornecimento para o setor
aéreo e o de transporte público.
 O fio Amni tem um leque enorme de aplicações,
afirma Crescenzo. Ele lista como exemplos camisetas, roupas para ginástica,
máscaras, uniformes escolares, tapetes, assentos do metrô e de aviões.
“Nos ônibus, por exemplo, além dos assentos é possível forrar as barras de
apoio e o usuário só terá contato com áreas protegidas.”
 Dois aeroportos de São Paulo e Mato Grosso do
Sul também pediram o material para encapar bancos de espera e balcões de
check-in. Uma grande rede de varejo encomendou tecidos para forrar as alças dos
carrinhos de compras e tapetes para colocar nos caixas e nos balcões de
atendimento, como os de setores de frios e carnes.
 Boaventura avalia que os produtos com o fio
antiviral vão custar, em média, 20% a mais que aqueles feitos em tecido normal
Malharias como Santaconstancia, Berlan e Lupo já estão lançando coleções com
tecidos de fio Amni. A Rhodia produz o fio na unidade de Santo André (SP).
Neste ano, a venda do produto deve representar 30% do faturamento da empresa.
 A Chroma-Líquido vê um potencial superior a R$
5 bilhões para seus produtos. Nos próximos 12 meses deve produzir 2 mil
toneladas de tecidos com o novo fio e faturar R$ 250 milhões – em 2019, a
Chroma faturou R$ 100 milhões. A linha de produção fica no bairro do Pari, em
São Paulo, e tem 400 funcionários. Mais 500 serão contratados ao longo do ano.
 O diretor da Nanox, Luiz Pagotto Simões, diz
que o composto foi apresentado há duas semanas e já houve encomendas de 1,5
tonelada feitas por tecelagens. Por enquanto só foram realizados testes com o
coronavírus, mas também serão feitos com outros tipos de vírus. Ele explica que
o tecido é composto por uma mistura de poliéster e de algodão com dois tipos de
micropartículas de prata impregnadas na superfície por meio de um processo de
imersão, seguido de secagem e fixação.
 Testes feitos em parceria com o Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) mostraram que a
solução na superfície de tecidos é capaz de eliminar 99% do vírus após dois
minutos de contato. A pesquisa teve ainda colaboração da Universitat Jaume I,
da Espanha, e da Universidade Federal de São Carlos (UFScar).
 O diretor da Nanox, Luiz Pagotto Simões, diz
que o composto foi apresentado há duas semanas e já houve encomendas de 1,5
tonelada feitas por tecelagens. Por enquanto só foram realizados testes com o
coronavírus, mas também serão feitos com outros tipos de vírus. Ele explica que
o tecido é composto por uma mistura de poliéster e de algodão com dois tipos de
micropartículas de prata impregnadas na superfície por meio de um processo de
imersão, seguido de secagem e fixação.
 Testes feitos em parceria com o Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) mostraram que a
solução na superfície de tecidos é capaz de eliminar 99% do vírus após dois
minutos de contato. A pesquisa teve ainda colaboração da Universitat Jaume I,
da Espanha, e da Universidade Federal de São Carlos (UFScar).
Foto: Divulgação