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Suspeito de jogar tinta óleo em gatinha continua sem identificação um ano após o resgate em Manaus

A gatinha, sem raça definida e carinhosamente chamada de “Blue”, hoje vive em um lar seguro, onde recebe cafuné na barriga várias vezes ao dia. Ela tem água corrente à disposição, comida de qualidade e o amor e carinho que todo animal merece de seus tutores. O presente e, principalmente, o futuro dela são totalmente diferentes do que poderiam ter sido há um ano, quando sua vida como filhote poderia ter tido um fim trágico e cruel, como o de muitos outros animais vítimas de maus-tratos.

Blue foi encontrada em estado crítico no dia 23 de setembro de 2023, no bairro Santa Etelvina, na Zona Norte de Manaus. Ela estava completamente coberta por tinta óleo azul, com poucas ou quase nenhuma chance de sobrevivência, uma vez que a tinta em seu focinho dificultava a respiração.

“Lembro de ter chorado no momento em que a vi ali, desfalecendo. Quanta crueldade! Como uma pessoa pode ter coragem de agir contra um animal indefeso?”, relembra Amauri Gomes, protetor de animais que resgatou a gatinha.

Amauri conta que colocou Blue em uma caixa de papelão e tentou remover com os próprios dedos a tinta impregnada nos olhos e focinho para que ela conseguisse, ao menos, respirar melhor. Também deu água e a levou para sua casa. “Eu usei óleo mineral e desembaraçador de pelagem para retirar a tinta. Levou cerca de dez dias para que tudo fosse removido. Ela é uma guerreira e lutou para superar tudo o que passou”, disse Amauri.

Com Blue fora de perigo e assistida por veterinários, a missão seguinte de Amauri foi encontrar o suspeito de cometer o crime. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia Interativa, mas, até hoje, ninguém foi identificado.

“Lembro de ter procurado imagens de câmeras de vigilância do local para levar ao investigador, mas, infelizmente, nenhuma casa ou comércio nas proximidades tinha o equipamento. É triste! A impunidade faz com que a violência contra os animais nunca tenha fim”, lamenta Amauri.

IMPUNIDADE LATENTE

Em dez anos de atuação ativa em resgates de animais na capital, Amauri afirma que o número de agressores identificados e presos por algum tipo de crime envolvendo pets, apenas nos resgates que ele fez, não chega a 20. Ele destaca que isso só mudará quando o poder público entender que “todos somos responsáveis por buscar uma sociedade segura que preze pela harmonia entre os animais e os humanos”.

Vale reforçar que, desde 2020, está em vigor uma Lei Federal que estabelece o aumento da pena para quem cometer maus-tratos. Se condenada, a pessoa que ferir, torturar ou abandonar animais pode receber uma pena de reclusão de dois a cinco anos, além de ter que pagar uma multa e, em alguns casos, ficar proibida de ter a guarda de novos animais.

ABANDONO DE ANIMAIS

Em Manaus, nos últimos meses, o número de animais abandonados cresceu em todas as zonas da capital amazonense. Segundo organizações não governamentais de defesa dos animais, mais de 50 mil animais domésticos estão abandonados nas ruas de Manaus, boa parte dos quais está acometida por doenças que podem ser transmitidas para a população.
A prática nas feiras da capital, afeta não somente à saúde de quem frequenta os estabelecimentos quanto aos próprios animais. Dentro de caixas e sacolas, filhotes de cães e gatos são abandonados. “É preciso medidas mais duras para obrigar a guarda, os vigias, a impediram a ação. Placas com avisos, câmeras, ajudaria. Tenho três gatos e dois cachorros adotados. Queria ter condições de cuidar de todos, mas não consigo, o gasto é muito alto” afirma a Maria Silva, 58, moradora da Compensa.

CANAIS DE DENÚNCIAS

Em Manaus, é possível denunciar casos de maus-tratos por meio do número 181, o disque-denúncia da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). A ligação é gratuita e funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo feriados. Você pode fazer a denúncia de forma anônima, seguindo as instruções de atendimento via telefone. 

Também pode denunciar maus-tratos pelo site da Delegacia Interativa ou do WhatsApp da Ouvidoria-Geral, enviando uma mensagem de texto para o número (92) 3655-0745, de segunda a sexta-feira.
Outros números para denunciar maus-tratos em Manaus são:

Ong SOS PET
(92) 98484-3103

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