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Uma mulher investigada por suspeita de ser uma das líderes de uma organização criminosa investigada por tráfico de drogas foi presa, na manhã desta sexta-feira (12), na praça de pedágio entre Curitiba e Matinhos, no litoral do Paraná. Camila Marodim, a “trafigata”, responsável por organizar, receber e repassar a droga, seria alvo de rivais nos próximos dias.

O marido dela, Ricardo Luis Hortz Marodin, que até então era investigado como líder da quadrilha, foi assassinado na noite do último domingo (7/11) em Pinhais, na região metropolitana, em consequência da briga pelo comando do tráfico de drogas.

A Operação Ostentação foi deflagrada pelo Sub-Comando Geral da Polícia Militar com apoio de unidades especializadas da Polícia Militar do Paraná (PMPR), após a apreensão de um volume expressivo de drogas em 2020.

Outras 14 pessoas foram presas e foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão. As equipes recolheram 37 armas de fogo, R$ 120 mil em espécie, além se veículos e bloqueios de contas e imóveis.

“Ficou evidente durante o trabalho de inteligência que havia lavagem de dinheiro. Inclusive, na conta de um dos líderes dessa quadrilha, havia aproximadamente R$ 1 milhão, mesmo assim ele recebia auxílio emergencial do governo”, relata o comandante geral da Polícia Militar, coronel Hudson Leôncio Teixeira.

De acordo com Teixeira, a mulher foi até a casa da mãe, em Matinhos, para deixar os filhos e esconder uma pistola Glock no terreno da residência. No trajeto de volta para a capital, a ‘trafigata’ continuou a ser acompanhada pela inteligência da polícia.

“No pedágio, nós a interceptamos, acompanhada de outro indivíduo. Ela falou sobre a arma. Retornamos a Matinhos, onde realmente localizamos a arma enterrada no terreno e, diante disso, foi tudo encaminhado para Curitiba.”

Camila Marodim sabia que corria risco de morrer, não somente pela morte recente do marido, mas por outros homicídios que ocorreram ao longo das últimas semanas – como do ex-policial conhecido como Tagarela, no dia 10. A polícia apura se há conexão entre os crimes.

Por tudo isso, ela estaria pensando em sair do Paraná, “alegando que seria para proteger os filhos”, disse Teixeira. Mas, na verdade, esta seria uma tentativa de escapar de uma prisão ou mesmo execução. “As quadrilhas estão em rivalidade pelo domínio do tráfico de drogas, então, realmente, ela estava com medo. Corria risco de vida e aí foi até o litoral, deixou os filhos, deixou a arma escondida e estava retornando para Curitiba, com nada de ilícito com ela.”

Teixeira revelou que a Operação Ostentação inclusive teve a data adiantada, pela possibilidade de ocorrerem mais mortes. “Se não fizéssemos nessa data, com o feriado provavelmente ocorreriam mais mortes, inclusive dessa senhora, que também era alvo para os próximos dias.”

‘Trafigata’ presa e marido ostentavam nas redes sociais

A polícia acompanha a movimentação da organização criminosa desde o ano passado, por todo poderio e movimentação financeira, por isso o nome Operação Ostentação. Além disso, faziam questão de exibir veículos potentes e grandes volumes de dinheiro nas redes sociais, conforme o que foi apurado na investigação. “Eles ostentavam bastante em locais refinados, com veículos e motocicletas de alto valor financeiro. Não faziam questão nenhuma de esconder tudo aquilo que angariavam com o crime, o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro”, afirma o coronel Teixeira.