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Ação visa garantir o direito de transgêneros, travestis e mulheres lésbicas à saúde
Antes de passar pela transição de gênero, a técnica em enfermagem Sthephanny Sampaio, 42, não se sentia à vontade com o corpo e muito menos com o nome dado pelos pais no registro civil. Diante desse fato, ela pensou, inclusive, que tinha dupla personalidade. Para ajudá-la a resolver esse conflito e as diversas dúvidas acerca da verdadeira identidade, uma médica a conduziu para o Ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero – Processo Transexualizador, especializado no atendimento humanizado às pessoas transexuais, travestis e mulheres lésbicas.
Implantado na Policlínica Codajás, na zona sul de Manaus, o espaço é resultado de uma parceria entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam). Coordenado pelos professores da UEA Dária Neves e Denison Aguiar, o projeto faz parte do programa Rede de Combate à Lesbofobia, Homofobia, Bifobia e Transfobia (LGBTfobia) “+” (Propaz-UEA).
“O ambulatório é resultado, inicialmente, dos esforços dos cursos de Direito e Medicina, visando a garantia do direito à saúde de transgêneros, travestis e mulheres lésbicas, além da institucionalização e habilitação do ambulatório”, explicou Aguiar.
Ainda de acordo com o professor, a iniciativa teve repercussões nacionais e internacionais, o que ocasionou novas parcerias com importantes instituições, como o Hospital Israelense Albert Einstein, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Illinois University, Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Ministério Público do Estado Amazonas (MPE-AM). O ambulatório também foi protagonista em vários projetos do Programa de Iniciação Científica da UEA aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa da universidade.
“Levamos esse projeto para o serviço de residência médica em Ginecologia e Obstetrícia da UEA, para a formação médica em atendimento à população trans – hormonioterapia. Essa união entre o Direito e a Medicina proporcionou o diálogo devido com os movimentos sociais LGBT”, enfatizou a professora Dária.
Renascimento – Após anos procurando repostas sobre a verdadeira identidade, Sthephanny encontrou no Ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero – Processo Transexualizador a oportunidade de uma vida nova. 
“Não estava satisfeita até mesmo no período de transição, quando eu tomava hormônios femininos. O ambulatório veio no sentindo de me ajudar com orientações sobre exames, hormônios adequados e em tantas outras situações. Como me sinto hoje? Sinto-me mulher”, relatou a usuária.
Totalmente realizado e completo com a nova vida conquistada após a transição, Yuri Cavalcante, 27, hoje ajuda e encaminha outras pessoas para o ambulatório para que elas possam ter a mesma felicidade de viver, sem qualquer discriminação, a liberdade da sua redesignação sexual.
“Antes de começar o tratamento hormonal me sentia um incompleto, mas quando realizei a mastectomia certamente a felicidade foi maior. O ambulatório foi essencial quando, com o passar do tempo, fui notando as mudanças físicas, mas já estava trabalhando isso internamente há um bom tempo, pois acredito que o amadurecimento espiritual é sempre gratificante. Hoje, ajudo outras pessoas a encontrarem esse mesmo caminho”, afirmou Yuri.
A Policlínica Codajás está localizada na avenida Codajás, nº 26, bairro Cachoeirinha, e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.
FOTO: Divulgação/UEA