TCE

 O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE),
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é o primeiro do estado a
usar o “Eyer’, retinógrafo portátil, totalmente desenvolvido no Brasil, com
tecnologia nacional, por três ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP), ‘campus’ São Carlos.
 Por ser portátil, o aparelho permite fazer o
diagnóstico precoce e levar o exame de fundo de olho para pontos remotos,
auxiliando médicos clínicos, cardiologistas, e de outras especialidades, que
têm acesso a esse tipo de exame. O retinógrafo permite fazer o ‘upload’ (enviar
informação para um computador remoto) da imagem para uma “nuvem” e a análise,
ou diagnóstico, é feita remotamente, com a mesma qualidade.
 “É um projeto dos últimos dois a três anos que
criou um aparelho capaz de fazer fotografias da retina, do fundo de olho”,
disse à Agência Brasil
o oftalmologista Flávio Mac Cord Medina, médico do HUPE e membro do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O retinógrafo é acoplado a um ‘smartphone’
que tem lentes próprias para captar as imagens da retina.
 O médico explica que em doenças como a
retinopatia diabética, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade, o
retinógrafo portátil consegue ampliar a oportunidade de exames para novos
pacientes. O novo equipamento pode ser usado também nos berçários, auxiliando
na identificação de problemas como a retinopatia da prematuridade, tipo raro de
problema visual.

 Vantagens

 O retinógrafo convencional, que é acoplado a
uma mesa e instalado em uma sala, pesa mais de 100 quilos e não permite que
seja deslocado. Além disso, exige que os adultos fiquem posicionados
corretamente durante o exame de fundo de olho para poder capturar de forma
adequada as imagens. Para crianças e bebês que não podem se posicionar no
aparelho convencional, o novo equipamento traz vantagens, apontou o médico.
“Tem uma mobilidade que torna possível examinar a retina em outras faixas
etárias, em pacientes que estão acamados, ou em UTIs”.
 Na avaliação de Flávio Medina, o principal
benefício do retinógrafo portátil é que ele pode ser usado em triagens nos
postos de saúde, em atendimentos primários nas unidades básicas de saúde.
“Esses são os locais em que o aparelho tem a melhor utilidade, para fazer a
triagem em pacientes cujas doenças podem levar à cegueira”, disse o
especialista.
 Outro fator positivo é que ele apresenta um
custo reduzido em relação ao retinógrafo convencional. Enquanto este está
avaliado em R$ 100 mil, o aparelho portátil tem valor em torno de R$ 25 mil. O
novo equipamento ‘Eyer’, desenvolvido pela ‘startup’ Phelcom Technologies, foi
aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está liberado
para entrar no mercado. Flávio Medina começou a usá-lo no Hospital
Universitário Pedro Ernesto há algumas semanas.

 Tecnologia

 Em entrevista à Agência Brasil, o
presidente do CBO, José Ottaiano, disse que o avanço da tecnologia e,
principalmente, da inteligência artificial, pode contribuir para auxiliar de
forma significativa a prática da medicina, e da oftalmologia, em particular,
sem que haja prejuízos à relação médico-paciente. “Dada à própria característica
da medicina, o aspecto humanístico da relação com o paciente em hipótese alguma
deve ser comprometido”.
 Segundo Ottaiano, na oftalmologia hoje 100%
das máquinas têm ‘chip’.
Uma área que desenvolveu muito na oftalmologia é a de tratamento e cirurgia a
laser. 
 “Aí, você aplica vários tipos de laser, como o
argon laser, que a gente utiliza em retina; o yag laser, em algumas situações de glaucoma; o excimer
laser, que se utiliza muito para cirurgias de grau, tipo miopia, astigmatismo”.
O mais recente é o fentom laser
que já faz parte de cirurgias de catarata e é utilizado também em algumas
cirurgias refrativas. “De fato hoje, a especialidade oftalmologia tem uma
expressão extremamente forte dentro desse avanço tecnológico”, explicou o
presidente do CBO.
Fonte: Agência
Brasil
Foto:  Tania Rego