TCE
 Neymar começou a temporada tentando fazer de
tudo para atrapalhar o Paris Saint-Germain. Queria voltar ao Barcelona ou até
mesmo desembarcar no Real Madrid. O plano fracassou. No fim das contas, o
jogador mais caro da história é quem pode terminar a temporada prejudicado
implacavelmente pelo clube francês. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi estão de
volta às competições. Neymar? Só os deuses da bola sabem (ou nem eles) em meio
ao impacto da pandemia do novo coronavírus no calendário do futebol mundial.
 Em 2015, o atacante brasileiro estabeleceu a
melhor temporada pessoal na Europa. Foi artilheiro da Uefa Champions League ao
lado de Cristiano Ronaldo e de Lionel Messi com 10 gols cada um. Esteve perto
de quebrar a alternância Do português e do argentino no poder. Terminou em
terceiro lugar na votação do prêmio de melhor do mundo. Indicativo de que
evoluiria. Só que não. Surpreendentemente, Modric foi quem interrompeu a
sequência de 10 anos de Cristiano Ronaldo ou Messi no topo.
 Cinco anos depois, a pandemia virou a
temporada do Neymar de ponta-cabeça. O atacante forçou a saída do PSG. Sem
acordo com Barcelona e Real Madrid, permaneceu em Paris constrangido, a
contragosto, mas estava em excelente fase. Até março, era cotado até para
brigar pelo prêmio de melhor do mundo. Tinha 18 gols em 22 jogos antes da
paralisação do futebol. Parte da crítica europeia o  considerava o melhor
do mundo naquele momento.
 Como se não bastasse o Campeonato Francês ter
sido encerrado com base numa média de pontos questionada, o PSG não tem o que
fazer a não ser aguardar treinando pela definição dos outros quatro
classificados para as quartas de final. Aí, sim, entrará em campo novamente na
fase de mata-mata. Apenas PSG, RB Leipzig (Alemanha), Atalanta (Itália) e
Atlético de Madrid (Espanha) carimbaram vaga antes da pandemia. A Bundesliga, a
Serie A e Lá Liga estão de volta. A Ligue 1 só na temporada 2020/2021. Pior
para o PSG e Lyon, que seguem vivos na Champions. A intensidade da trupe de
Thomas Tuchel nas oitavas indicava que o PSG chegaria forte à fase
seguinte. Hoje, não mais.
 Borussia Dortmund. Como o Campeonato Francês
foi encerrado, o atacante terá de esperar a Uefa se pronunciar sobre a data
para retomada da Champions League
Três
meses depois do triunfo por 2 x 0 sobre o Borussia Dortmund, o PSG ensaia um
desmanche. O zagueiro Thiago Silva já sabe que não continuará no clube. Edinson
Cavani também sairá. Ao que tudo indica, o ambiente não é mais o mesmo. Nem o
comprometimento, talvez.
 
 Neymar foi contratado por 222 milhões de euros
com a missão de mudar o patamar do PSG. Na prática, isso significa levar o
clube ao inédito título da Champions League. É o que resta a ele e aos
companheiros na temporada. Porém, os concorrentes alemães, espanhóis, italianos
e ingleses chegarão à próxima etapa com o ritmo de competição que faltará
demais ao PSG. O Bayern Munique está voando. Barcelona, Real Madrid, Manchester
City, Juventus ainda dependem do jogo de volta para avançar na Champions, mas
estão bem à frente dos inertes PSG e Lyon.
 A sorte virou. Se antes da pandemia o caminho
se mostrava aberto para Neymar devolver o PSG no mínimo às semifinais, como
conseguiu Raí na temporada de 1994/1995; a projeção pós-pandemia é terrível
para o clube. O PSG estará descansado em relação aos concorrentes, verdade.
Entretanto, a falta de ritmo de competição tem tudo para pesar.
 O projeto pessoal de Neymar nunca esteve tão
ameaçado. Deixar o clube ao término da temporada sem cumprir a missão de mudar
o patamar do PSG é uma realidade que tem tudo para ser cobrada para sempre do
jogador mais caro da história do futebol.
Foto: Divulgação