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Caso viralizou nesta segunda-feira (6/7); médicos ouvidos pelo Correio apontam que caso é improvável
 Um caso diferente viralizou na internet do
mundo afora na segunda-feira (6/7). O Hospital Internacional Hai Phong, no
Vietnã, divulgou, pelas redes sociais, o curioso caso de um bebê que nasceu
segurando o DIU (Dispositivo intrauterino) da mãe. As imagens ganharam a capa
de importantes jornais internacionais. Entretanto, as dúvidas em relação ao
caso logo tomaram grandes proporções.
 Alguns internautas duvidaram de tamanho
“deboche” do recém-nascido e, entre outras dúvidas, questionaram se os médicos
não poderiam ter colocado o dispositivo na mão da criança.
Segundo
informa o jornal britânico Mirror,
a mulher de 34 anos já tinha outras duas crianças e usou o método contraceptivo
para tentar evitar uma nova gravidez, algo que não teria funcionado. Porém, por
mais que a gestação com o DIU já tenha sido algo fora do comum, especialistas
apontam que o bebê conseguir alcançar e agarrar o pequeno objeto é mais
improvável ainda (mesmo que não impossível). O Correio ouviu dois especialistas para tentar
elucidar o mistério.

  “A medicina não é uma ciência absoluta, então, a chance, na prática, existe.
Mas eu acho que seria quase impossível. É possível, mas dentro uma
impossibilidade gigantesca” aponta Evandro Silva, obstetra da Maternidade
Brasília.

 Segundo José Gomes De Moura Neto,
ginecologista do Hospital Anchieta de Brasília, o próprio fato de a gravidez
existir com a presença do DIU já é incomum, e que isso só ocorreria diante de
circunstâncias especiais: “A gente mede o tamanho do útero para o melhor
posicionamento e segurança, mas o que ocorre é que, às vezes, o DIU pode se
mover por diversos fatores, logo não pode impedir a fecundação com tanta
eficácia ocasionando uma gravidez”.

 E sobre o bebê segurar o DIU? O
ginecologista também aponta uma probabilidade mínima:

 “Isso realmente é quase
impossível”.
 
Neto explica que, anatomicamente, o contato entre o bebê e o DIU não é tão
simples, e que, para o pequeno conseguir segurar o objeto, algo fora do comum
teria de ocorrer: “Esse fato teria ocorrido se o bebê conseguisse romper a
membrana amniótica (parte da placenta), algo improvável”. 
 Tanto Neto quanto Silva já tiveram
experiências com gravidez que ocorreram apesar do uso do DIU, mas o bebê não
teve um contato tão próximo com o dispositivo. “Dependendo de onde o DIU se
encontra, o risco de tirar (durante a gravidez) é muito perigoso e pode gerar
um aborto. Esses riscos têm de ser apontados e conversados com a paciente. Na
prática, você segue todas as metodologias de um parto comum, sem mudar a
abordagem padrão. Na hora do nascimento, avalia-se a possibilidade de retirada
do DIU”, conta o obstetra.
 Silva
explica ainda que não é certo desistir do DIU por conta de casos excepcionais:
“Eu acho que é importante não criticar um método por uma situação dessas. O DIU
não deve ser desconsiderado pela paciente como um método, já que tem sua
eficácia”.

 Neto corrobora o argumento e sugere
ainda que os métodos contraceptivos merecem estudo e cuidado na hora da escolha
pela mulher: “É fundamental frisar que nenhum método é 100% eficaz. A paciente
tem que entender o que é melhor para ela (em relação à variedade de métodos
contraceptivos) e essa escolha tem de ser individual e muito bem estudada junto
com o profissional de saúde”.

Foto: Divulgação