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Falta coerência nas orientações do órgão sobre covid-19, diz chanceler

 O ministro das Relações Exteriores, Ernesto
Araújo, informou hoje (9) que um grupo de países, incluindo Brasil, Austrália e
membros da União Europeia, vai propor uma investigação sobre as decisões da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e um processo de reforma da entidade. Araújo
disse que há, por parte do órgão, “falta de independência, de transparência e
de coerência nos posicionamentos e orientações sobre aspectos essenciais” no
enfrentamento à pandemia de covid-19.
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 Ele citou, por exemplo, informações sobre a
origem do novo coronavírus, o compartilhamento de amostras, o contágio por humanos,
modos de prevenção, quarentena, uso da hidroxicloroquina, indumentária de
proteção e transmissibilidade por assintomáticos. “Em todos esses aspectos, a
OMS foi e voltou [na recomendação], às vezes mais de uma vez, e isso nos causa
preocupação”, disse Araújo, durante reunião ministerial coordenada pelo
presidente Jair Bolsonaro.
 Para o ministro, o problema é sistêmico, e não
acidental, e deve ser investigado mesmo durante a pandemia. “Cada dia, essas
decisões e esse vai e vem prejudicam os esforços de todos os países”, disse.
 Na semana passada, o próprio presidente
Bolsonaro fez críticas à organização e disse que o governo brasileiro poderia até deixar a entidade que, de
acordo com ele, atua “com viés ideológico”. No fim de maio, o
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país da OMS, congelando repasses que o governo
norte-americano faria ao órgão das Nações Unidas.
 Bolsonaro fez referência à controvérsia
causada por pesquisas conduzidas pela OMS sobre a hidroxicloroquina no
tratamento do novo coronavírus. A organização acabou retomando os estudos com o
medicamento, após aplicar uma suspensão dos testes por 10 dias. Ontem (8), a
OMS também afirmou que a transmissão da covid-19 por pessoas sem sintomas da
doença, como febre ou tosse, parece ser “rara”.
 O anúncio foi destacado hoje por Bolsonaro
para defender o fim do isolamento social e a retomada das atividades. “Não é um
dado comprovado, mas é um dado importante”, disse o preidente. “Com toda
certeza, isso pode sinalizar uma abertura mais rápida do comércio e a suspensão
das medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos”, destacou o
presidente durante a 34ª Reunião do Conselho de Governo, realizada nesta
terça-feira no Palácio da Alvorada.
 A epidemiologista e principal responsável
técnica da resposta à covid-19 da OMS, Maria van Kerkhove, frisou que há
diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos, que são as pessoas que vão
desenvolver algum sintoma da doença. Ao falar do tema, a epidemiologista ponderou
a capacidade de testagem e rastreio de pacientes pelos gestores de saúde e
argumentou que a contenção da transmissão da doença pode ser mais rápida com a
localização e o isolamento dos casos sintomáticos.

 Divulgação
de dados

 Criticado pela falta de transparência na
divulgação de dados de covid-19, o ministro interino da Saúde, Eduardo
Pazuello, explicou que o governo estava trabalhando no desenvolvimento de um
sistema para apresentar os dados diários, desde o início da pandemia, que
refletisse com clareza a subida e a descida da curva de transmissão. “Isso
permite a gestão mais efetiva dos gestores estaduais e municipais que são os
verdadeiros combatentes que estão agindo na missão”, disse.
 De acordo com Pazuello, o número de óbitos vai
continuar chegando de acordo com os registros no sistema, mas os boletins serão
atualizados de acordo com a data da morte. “[Assim], vai ver exatamente o que
aconteceu, com mais transparência”, afirmou.
 No domingo (7), o Ministério da Saúde
disponibilizou a nova ferramenta
para divulgação dos dados, que, segundo Pazuello, ainda será aprimorada, com a
inclusão do percentual de ocupação de leitos e pessoas recuperadas. De acordo
com Pazuello, os dados estão completos, e as informações serão atualizadas
assim que forem repassadas pelas secretarias estaduais de Saúde. “Essa
ferramenta que está coloca aí é a melhor que poderíamos ter desenvolvido”,
disse.
 Na última semana o governo deixou de
apresentar alguns dados consolidados e mudou a dinâmica e o horário de
divulgação dos boletins. As mudanças foram objeto de questionamento do Ministério Público Federal e levaram o Conselho
Nacional de Secretários de Saúde (Conass) a disponibilizar, em seu site, um painel próprio com dados atualizados sobre o número de casos da
covid-19 no país.
 Hoje, o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal divulgue na íntegra os dados relativos
ao contágio e às mortes pelo novo coronavírus, nos moldes de como vinha sendo
realizado pelo Ministério da Saúde até o dia 4 de junho.
 A nova plataforma do Ministério da Saúde sobre
covid-19 no Brasil mostrou, na noite desta segunda-feira (8), que os casos
acumulados chegam a 707.412. Já a quantidade de óbitos acumulados é de 37.134.
De acordo com o levantamento, nas 24 horas anteriores, foram registrados 15.654
novos casos de covid-19 e 679 novas mortes. Os dados são iguais aos
apresentados pelo painel do Conass.
Foto: Marcos Correa