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O salário anual equivalente a 1 milhão de reais de Maria Helena Heames é de causar inveja a muitos altos executivos. E o que falar do ciúme que sua rotina pode provocar nas socialites que dão um duro danado para ostentar no Instagram? A agenda da baiana de 38 anos inclui viagens em jatos privados, passeios de skate na pista privada da mansão onde trabalha e jantar na mesma mesa que os amigos da casa, como a atriz Megan Fox. Babá brasileira mais bem-sucedida do mundo, Maria Helena garante que paga com grandes doses de suor todos os centavos de dólar que caem em sua conta. Sua especialidade é cuidar dos rebentos de celebridades internacionais, função que exige habilidades como acelerar o carrinho de bebê para fugir dos paparazzi de plantão.
Embora não possa citar nomes e detalhes por questões contratuais, sabe-­se que ela já botou para ninar os filhos de Blac Chyna (apresentadora de TV americana) e de Jeffrey Katzenberg (fundador do estúdio DreamWorks). A cliente mais famosa é Kourtney Kardashian, integrante do clã que fez da exposição da vida pessoal um negócio bilionário. Até o ano passado, Maria Helena morou na casa da família no posto de babá-chefe de três crianças. O cotidiano infantil era tão atribulado quanto o de um chefe de Estado, com festas de aniversário e sessões de fotos ao longo da semana. As nannies “six figures” — como são conhecidas as babás de luxo nos Estados Unidos, por ganharem salário anual de seis dígitos — trabalham seis dias por semana em esquema de plantão. Ou seja, estão à disposição 24 horas por dia. Chamar os pais na madrugada? Último recurso. Elas também têm um cartão de crédito da família. “Há pais que estipulam limite de gasto, como 100 dólares diários. Não é porque é rica que a criança pode levar o que quiser”, diz Maria Helena. Usar o celular pessoal durante o serviço em alguns casos é proibido. Os patrões preocupados com segurança fornecem um aparelho para acompanhar por geolocalização onde os filhos estão.
Maria Helena nunca sonhou em exercer esse ofício. Filha única de pais de classe média de Santo Antônio de Jesus, uma cidade baiana de 100 000 habitantes, número inferior às curtidas recebidas por qualquer foto de sua ex-­patroa, ela cursava enfermagem quando tomou duas rasteiras do destino. Sua mãe morreu de hepatite autoimune e, 23 dias depois, o pai suicidou-­se. O ano era 2007, e a menina de então 25 anos interrompeu a faculdade. Foi aí que uma amiga falou do programa de intercâmbio Au Pair, especializado em recrutar mão de obra para trabalhar em casas de famílias estrangeiras como babá.

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