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Semana promete ser decisiva para o calendário esportivo

 Em pleno feriado de 21 de abril, as
entidades esportivas de futebol brasileiras se manifestaram no sentido de, o
quanto antes, voltarem a funcionar. E, com isso também, a promoverem as
competições que organizam. A menos de dez dias do mês de maio, o
calendário começa a ficar apertado, apesar de os dirigentes se mostrarem ainda
confiantes de que é possível fechar a temporada dentro do prazo previsto. Mas,
ao mesmo tempo, vai ficando evidente que os clubes, em especial, vão sofrer um
pouco mais.
 Se pensarmos no futebol carioca como
referência, os jogadores estão de férias até 30 de abril. Em tese,
voltariam a treinar em maio e, cerca de 10 a 15 dias depois, estariam em
campo. Mas, pelo visto, com portões fechados, ou seja, sem arrecadação de
bilheteria. E como ficam os que projetaram seus orçamentos para 2020 contando
com esse faturamento?
 Fred Nantes, diretor de competições da
Conmebol, é um dos que confiam no cumprimento do calendário. Mas deixou claro,
em entrevista ao jornal “O Globo”, que o faturamento da entidade está
garantido, e que caberia aos clubes assumir esse prejuízo no momento atual. 
 Assim fica fácil. E não custa lembrar que, ao menos aqui no Brasil, as datas
das competições sul-americanas costumam ter prioridade sobre as
nacionais. Ou seja – se houver um tempo mais curto para um calendário com
Libertadores e Sul-Americana de um lado, e Copa do Brasil e Brasileirão de
outro, quem terá de ceder?
 Postura que parece ser bem diferente da UEFA.
Também nesta terça-feira, em comunicado oficial em seu site, a entidade
anunciou que na quinta-feira (23), vai se posicionar sobre o restante da
temporada, dando prioridade às competições nacionais que, ao contrário
daqui, estão na reta final. E antecipa que vai avaliar casos especiais, como o
cancelamento de alguma liga, visando a classificação para as competições
europeias de 20-21.
 Essa postura de valorizar os campeonatos
nacionais pode ter sido adotada, também, por conta de uma
teleconferência que teria acontecido dia 16, segundo a
revista “Veja”. Nela, a Organização Mundial da Saúde teria sugerido que
as competições internacionais fossem suspensas até o final de 2021, pois ainda
há o risco de infecção da covid-19 no ano que vem.
 A UEFA não é obrigada a seguir a orientação da
OMS. Nem as ligas nacionais, como a Italiana, que inclusive já se posicionou.
Numa assembleia com todos os times da Primeira Divisão, decidiu, por
unanimidade, finalizar o campeonato, com a realização das 12 rodadas que
faltam. É claro que a decisão ainda depende de autorização do governo italiano,
mas dirigentes vão se reunir nesta quarta-feira (22) com o ministro dos
Esportes, Vincenzo Spadafora, em busca dessa autorização.
 De Portugal vêm outras duas notícias
interessantes – o preparador físico do Flamengo, Marcio Sampaio, que a exemplo
do técnico Jorge Jesus está por lá, revelou que os jogadores rubro-negros têm
apresentado sinais de ansiedade e
dificuldade para dormir,
por conta da ausência de competições fora do
período tradicional. Não posso afirmar que tenha sido esse o motivo, mas os
jogadores do Sporting, de Lisboa, mesmo sem ideia de quando o Campeonato
Português vai voltar a ser disputado, estão treinando no clube, dois de cada
vez no campo e chegando ao centro de treinamento já uniformizados para
treinar, para nem precisarem ir ao vestiário. Estão todos felizes, mas será que
aqui essa alternativa poderá ser implantada?
 Por enquanto, a CBF não fala em calendário ou
em como vai encerrar suas competições. É certo que, antes mesmo do início do
Brasileirão e da reta final da Copa do Brasil, teremos o complemento dos
Estaduais. E que são importantes porque a maioria dos clubes brasileiros
depende disso para garantir o pagamento das cotas de TV – muitos deles não
estão nas competições nacionais.
 Na pauta da entidade nacional está, no
momento, o auxílio às autoridades de saúde no combate ao coronavírus. A CBF
anunciou a intenção de testar jogadores, estafes e familiares que morem na mesma
residência de 180 clubes pelo país, nas séries de A a D, no masculino e no
feminino. Todos os dados serão enviados ao Ministério da Saúde.
 Mas é bom que haja um posicionamento quanto às
competições. O tempo está ficando curto. A saúde de cada um deve ser
priorizada. Mas, sem planejamento, a saúde dos clubes, os verdadeiros
mantenedores do futebol, pode ficar severamente comprometida.
Foto: Alexandre Vida