TCE
Prédio foi cedido à escola como forma de patrocínio por 10 anos
 Após audiência de conciliação sem acordo na última terça-feira
(18), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos retomou ontem (20) a posse
do edifício no centro do Rio de Janeiro em que a Escola de Cinema Darcy Ribeiro
funciona desde 2001. O prédio havia sido cedido à escola como forma de
patrocínio por 10 anos, mas o contrato não foi renovado.
 
 A diretora da Escola de Cinema Darcy Ribeiro,
Irene Ferraz, disse que a instituição tentou conseguir um prazo maior para
retirar seus bens do imóvel. Com a retomada da posse pelos Correios, os bens
ficam sob responsabilidade da estatal e essa retirada terá que ser previamente
agendada.
 Além de mobiliário e equipamentos, a
instituição possui um acervo histórico com coleções pessoais de cineastas e
cinéfilos como Ruy Guerra, José Wilker e Moniz Viana. Em 2018, a escola foi
declarada Patrimônio Histórico Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro.
 “É um acervo que não pertence nem à
escola, pertence ao patrimônio público”, disse Irene Ferraz.
 Apesar da reintegração de posse, a escola de
cinema retomará as aulas dos cursos regulares de direção, roteiro e montagem na
próxima semana, no formato online. As aulas à distância já haviam sido
programadas como forma de prevenção à transmissão da covid-19.
 Ao longo de quase 20 anos, a escola já teve
milhares de alunos, incluindo bolsistas, em seus cursos e oficinas e é considerada
referência no ensino do audiovisual no país. Para continuar suas atividades, a
Darcy Ribeiro já reservou salas no centro do Rio para a realização de aulas
presenciais quando isso for possível e tem firmado parcerias com produtoras
para a realização de aulas práticas.

 História

 O prédio retomado pelos Correios foi
construído em 1914 pelo Banco Germânico da América do Sul, e desapropriado pela
União no contexto da Segunda Guerra Mundial, como retaliação à Alemanha. O
edifício foi inteiramente reformado pelo Instituto Brasileiro do Audiovisual,
que administra a escola de cinema. Segundo a diretora, a estrutura se
encontrava em mau estado de conservação e foi “salva” pela reforma,
que possibilitou a construção de nove salas de aula, duas ilhas de edição, uma
sala de exibição com 100 lugares, biblioteca e salas de equipamentos.
 Os Correios informaram à Agência Brasil que a
Superintendência Estadual do Rio de Janeiro está aguardando contato do
representante da escola de cinema “para que seja ajustada a melhor data e
o modo mais adequado de retirada dos bens, que agora são de responsabilidade
dos Correios”.
 A estatal afirma que pretende utilizar o
prédio no projeto de otimização de sua carteira imobiliária.
 “A proposta é transferir o efetivo
administrativo de seu edifício-sede no Rio, na Avenida Presidente Vargas, para
dois imóveis próprios, sendo um deles o que era ocupado pela Escola de Cinema
Darcy Ribeiro”.
Foto: Divulgação