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Membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques extremistas disseram ao Correio que a oitiva e a votação de requerimentos foram canceladas pelo presidente do colegiado atendendo pedidos da oposição

Minoria na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro, parlamentares da oposição pediram o cancelamento da sessão marcada para esta quinta-feira (28/9). De acordo com membros do colegiado ouvidos pelo Correio, o motivo para o pedido foi a votação dos requerimentos, prevista para esta manhã.

O presidente da Comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), está viajando e, por isso, o senador Cid Gomes (PDT-CE), que faz parte da ala governista, presidiria os trabalhos de hoje. Com Maia fora, os parlamentares da oposição temiam sair prejudicados e decidiram por pedir o cancelamento, para evitar um “golpe” em relação às convocações e quebras de sigilo que poderiam ser aprovadas.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, os deputados e senadores da oposição começaram a ligar, em peso, para Maia ainda na noite de ontem. Eles alegaram que poderiam ser retirados os requerimentos propostos por eles, como o da convocação de um representante da Força Nacional, e, com isso, resultar na aprovação de pedidos somente da base governista. A votação desses requerimentos estava prevista para terça-feira (26), mas foi adiada para esta quinta. Apesar de não ter entrado na pauta, a expectativa era de que eles fossem colocados para apreciação nesta manhã.

Impasse

Maia tem enfrentado o impasse entre os governistas e a oposição dentro do Comissão. Nas últimas semanas, o deputado fez declarações afirmando que estava trabalhando em um acordo entre as alas e que colocaria requerimentos para votação somente se houvesse um acordo. Nessa busca por um meio termo, o presidente do colegiado afirma que pretende estabelecer um equilíbrio, já que a oposição é minoria dentro da CPMI e, sem um acordo, não conseguiriam aprovar algum requerimento.

O presidente do colegiado defende a convocação da Força Nacional, que também é alvo dos parlamentares bolsonaristas. Por outro lado, governistas, como o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), deu declarações afirmando não ver necessidade nessa oitiva. Parlamentares da base do governo, ouvidos pelo Correio no início da semana, chegaram a citar que um dos motivos para evitar esse depoimento seria para “blindar” Flávio Dino, apesar de não ter algo concreto que comprometa o ministro da Justiça nesse contexto do uso da Força Nacional no dia 8 de janeiro.

Com a pressão, o presidente da Comissão decidiu atender aos pedidos e determinou o cancelamento. Ainda não há uma confirmação se Alan Diego dos Santos Rodrigues será chamado novamente. O blogueiro foi condenado por tentar explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília nas vésperas do natal de 2022 e convocado para depor nesta sessão. De acordo com Maia, em nota oficial, o assunto da bomba no aeroporto “já foi esclarecido”.

 

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Marcos Oliveira