O ex-senador fez ainda críticas aos erros de partidos progressistas que, segundo ele, levaram Bolsonaro à Presidência
O governo Bolsonaro não tem a educação como
prioridade, então não adianta trocar o ministro. É o que afirma o ex-senador
Cristovam Buarque, que já foi governador do Distrito Federal e titular da
pasta, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao
CB.Poder — parceria do Correio
Braziliense e da TV
Brasília —, nesta segunda-feira (27/7), Buarque afirmou que, em
comparação com as “caricaturas” que estiveram à frente do MEC durante
a gestão atual, o novo ministro, pastor Milton Ribeiro, parece ser melhor.
prioridade, então não adianta trocar o ministro. É o que afirma o ex-senador
Cristovam Buarque, que já foi governador do Distrito Federal e titular da
pasta, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao
CB.Poder — parceria do Correio
Braziliense e da TV
Brasília —, nesta segunda-feira (27/7), Buarque afirmou que, em
comparação com as “caricaturas” que estiveram à frente do MEC durante
a gestão atual, o novo ministro, pastor Milton Ribeiro, parece ser melhor.
“Quem faz a educação não é o ministro, é
o presidente da República. Eu creio que o atual presidente não tem a menor
sensibilidade para a educação, então não adianta mudar o ministro. Mas creio
que esse será melhorzinho que os anteriores, que pareciam caricaturas. Esse não
parece ser uma caricatura — é cedo para dizer —, mas ele vai ter muitas
dificuldades porque o governo não tem prioridade na educação”, avaliou o
ex-senador.
o presidente da República. Eu creio que o atual presidente não tem a menor
sensibilidade para a educação, então não adianta mudar o ministro. Mas creio
que esse será melhorzinho que os anteriores, que pareciam caricaturas. Esse não
parece ser uma caricatura — é cedo para dizer —, mas ele vai ter muitas
dificuldades porque o governo não tem prioridade na educação”, avaliou o
ex-senador.
Buarque
ainda considerou “lamentável” as confusões envolvendo o MEC e
ministros anteriores do governo Bolsonaro, especialmente as situações recentes
que resultaram na saída de Abraham Weintraub. “É lamentável porque essa
bagunça nos fez perder tempo. Primeiro na questão da pandemia, segundo, a falta
de manutenção das coisas que funcionavam e, finalmente, a maior perda de tempo
pra mim é que não estamos formulando a estratégia para que o Brasil saia do
atraso educacional nos próximos anos. Estamos perdendo muito tempo já faz
décadas, e agora mais ainda com esse governo”, afirmou.
ainda considerou “lamentável” as confusões envolvendo o MEC e
ministros anteriores do governo Bolsonaro, especialmente as situações recentes
que resultaram na saída de Abraham Weintraub. “É lamentável porque essa
bagunça nos fez perder tempo. Primeiro na questão da pandemia, segundo, a falta
de manutenção das coisas que funcionavam e, finalmente, a maior perda de tempo
pra mim é que não estamos formulando a estratégia para que o Brasil saia do
atraso educacional nos próximos anos. Estamos perdendo muito tempo já faz
décadas, e agora mais ainda com esse governo”, afirmou.
O ex-ministro também comentou sobre a aprovação do Fundeb e disse que, caso não fosse
aprovado, seria uma tragédia para a educação brasileira. Mas ele ressaltou que,
mesmo com a manutenção do Fundeb, a área passa por sérios problemas. “Eu
tenho uma posição que não é muito popular: sem o Fundeb seria uma devastação,
mas com ele ainda não é uma construção da educação que precisamos.
Transformamos o Fundef em Fundeb no governo Lula, há mais de 10 anos, e isso
não fez com que o Brasil fosse para os melhores do mundo, continua entre os
piores”, defendeu.
aprovado, seria uma tragédia para a educação brasileira. Mas ele ressaltou que,
mesmo com a manutenção do Fundeb, a área passa por sérios problemas. “Eu
tenho uma posição que não é muito popular: sem o Fundeb seria uma devastação,
mas com ele ainda não é uma construção da educação que precisamos.
Transformamos o Fundef em Fundeb no governo Lula, há mais de 10 anos, e isso
não fez com que o Brasil fosse para os melhores do mundo, continua entre os
piores”, defendeu.
Em
2019, Cristovam Buarque lançou o livro Por que
falhamos — O
Brasil de 1992 a 2018, em que lista os erros dos partidos
progressistas que chegaram à presidência da República após a redemocratização.
Para ele, é óbvio que a causa da eleição de Jair Bolsonaro foi a série de erros
cometidos pela esquerda. “Muita gente não gosta que eu fale isso, mas é
tão óbvio. Bolsonaro foi eleito como uma resistência ao que estava lá. Eu
inclusive perdi uma eleição porque o eleitor achou que tinha que me substituir,
então quem errou fui eu. Nós somos os democratas e progressistas. O primeiro
erro foi quando Fernando Henrique e Lula, que estavam unidos durante a
ditadura, passaram a brigar depois da redemocratização para ver quem elegia o
prefeito de São Paulo”, comentou.
2019, Cristovam Buarque lançou o livro Por que
falhamos — O
Brasil de 1992 a 2018, em que lista os erros dos partidos
progressistas que chegaram à presidência da República após a redemocratização.
Para ele, é óbvio que a causa da eleição de Jair Bolsonaro foi a série de erros
cometidos pela esquerda. “Muita gente não gosta que eu fale isso, mas é
tão óbvio. Bolsonaro foi eleito como uma resistência ao que estava lá. Eu
inclusive perdi uma eleição porque o eleitor achou que tinha que me substituir,
então quem errou fui eu. Nós somos os democratas e progressistas. O primeiro
erro foi quando Fernando Henrique e Lula, que estavam unidos durante a
ditadura, passaram a brigar depois da redemocratização para ver quem elegia o
prefeito de São Paulo”, comentou.
As utopias dos partidos progressistas, segundo
Buarque, se perderam. A única utopia defendida por ele, afirmou, seria uma em
que o Brasil é referência em educação e as escolas dos ricos e pobres são do
mesmo nível. Outro erro, para ele, foram as narrativas falsas e populistas.
“Criamos narrativas falsas e acreditamos nelas. Por exemplo, a história de
que tiramos 30 milhões da pobreza e colocamos na classe média com o Bolsa
Família — que veio da Bolsa Escola, que eu criei no DF. Mas eu não vou inventar
essa narrativa falsa. A Bolsa Escola ia sim erradicar a pobreza mas pela
escola, não pela bolsa”, opinou.
Buarque, se perderam. A única utopia defendida por ele, afirmou, seria uma em
que o Brasil é referência em educação e as escolas dos ricos e pobres são do
mesmo nível. Outro erro, para ele, foram as narrativas falsas e populistas.
“Criamos narrativas falsas e acreditamos nelas. Por exemplo, a história de
que tiramos 30 milhões da pobreza e colocamos na classe média com o Bolsa
Família — que veio da Bolsa Escola, que eu criei no DF. Mas eu não vou inventar
essa narrativa falsa. A Bolsa Escola ia sim erradicar a pobreza mas pela
escola, não pela bolsa”, opinou.
Cristovam completou dizendo que outro grande
erro cometido foi a tolerância à corrupção. “Nossos governos fecharam os
olhos para a corrupção. Neste momento, eu vejo muita gente se preocupar porque
o Bolsonaro pode estar na frente para as eleições de 2022. Não basta se
preocupar, temos que procurar onde erramos e formular propostas. Também
precisamos saber quais os grupos que estão juntos e, finalmente, quem vai
encarnar isso. Se não conseguirmos, o povo vai dar o troco não votando em
nós.”
erro cometido foi a tolerância à corrupção. “Nossos governos fecharam os
olhos para a corrupção. Neste momento, eu vejo muita gente se preocupar porque
o Bolsonaro pode estar na frente para as eleições de 2022. Não basta se
preocupar, temos que procurar onde erramos e formular propostas. Também
precisamos saber quais os grupos que estão juntos e, finalmente, quem vai
encarnar isso. Se não conseguirmos, o povo vai dar o troco não votando em
nós.”
Fonte: Correio Braziliense
Foto: Ana
Raysa
Raysa