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Ministro da Educação diz que exame custa até R$ 10 mil por estudante

 O ministro
da Educação, Abraham Weintraub, criticou o modelo atual do Exame Nacional de
Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior
Estrangeira (Revalida). Em participação em audiência pública no Senado, o
ministro sugeriu que o exame fosse feito em duas etapas e custeado pelo
requerente da revalidação. Atualmente, ele é custeado pelo Estado.
  “Hoje, no formato que ele está, é muito caro.
Estamos falando de R$ 6 mil a R$ 10 mil por pessoa. A minha sugestão: quem vai
pagar o exame é o estudante. Ele faz um primeiro exame básico, só de questões,
nada de prático. Porque fica barato. Passou, aí ,sim, tem o exame técnico, que
precisa de laboratório, de banca etc.; para ver se esse aluno tem condições de
ser médico.”
 Segundo o
ministro, o Estado não pode mais pagar pelo exame, que verifica se o estudante
adquiriu em faculdade estrangeira conhecimentos condizentes com o que é
ensinado em instituições nacionais. “O Estado brasileiro quebrou. E o Estado
não tem mais condições de fazer cortesia com o chapéu dos outros.”
 Weintraub
mencionou também as faculdades de medicina localizadas em países vizinhos,
questionando sua qualidade, especificamente instituições na Bolívia e no
Paraguai. Ele destacou o crescente número de pessoas que desejam ser médicos,
mas se deparam com faculdades públicas muito disputadas e faculdades
particulares muito caras e, por isso, “optam por fazer na fronteira faculdades
a um custo muito baixo”.
 Para o
ministro, o brasileiro – e ele se inclui na própria fala – precisa aceitar que
nem todos têm condições de ser médicos. “Eu tenho dificuldade e, como
nação, nós brasileiros, [temos dificuldade] em lidar com a realidade: nem todo
mundo pode ser médico. Ser médico é caro. Quem vai pagar? Quem tenta um caminho
mais barato, vai na fronteira e tenta um Revalida. […] Não tem dinheiro para
fazer isso.”
 A audiência
pública discute o Programa Médicos pelo Brasil, criado por medida provisória em
agosto, pelo presidente Jair Bolsonaro. O programa substituiu o Mais Médicos e
definiu novos critérios para realocação dos profissionais, considerando locais
com maior dificuldade de acesso, transporte ou permanência dos servidores, além
do quesito de alta vulnerabilidade. A nova proposta prevê ainda formação
de médicos especialistas em medicina da família e comunidade.
 O deputado
Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde e responsável pela implantação
do Mais Médicos, também participou da audiência pública. Padilha lembrou que o
processo de validação dos diplomas estrangeiros foi acertado com o Congresso
Nacional e disse que o ministro da Educação é preconceituoso com outros países
da América do Sul. Em resposta, o ministro negou ter preconceito, ressaltou que
gosta do povo latino e afirmou que sua opinião é baseada em evidências.
Fonte: Agencia
Brasil
Foto: Fábio
Rodrigues