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Durante votação da Câmara Legislativa do DF, alunos da UnB se manifestam contrários à desestatização do centro rodoviário de Brasília

Nesta terça-feira (12/12), estudantes se reuniram à frente da Câmara Legislativa para protestar contra a privatização da Rodoviária do Plano Piloto. Do lado de dentro, os parlamentares votavam a aprovação do Projeto de Lei 2.260/2021, de autoria do governo Ibaneis, que autoriza a concessão da rodoviária à iniciativa privada. Segundo os manifestantes, a medida deve causar o aumento do preço das passagens dos transportes públicos e limitar o acesso da população a todos os espaços centrais da cidade.

Edson Victor, 25 anos, coordenador do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília (DCE/UnB), relata que a manifestação contou com o auxílio dos movimentos estudantis e das atléticas da universidade, além de enfatizar a importância de todos presentes, em sua maioria estudantes, estarem presentes para expressar seu descontentamento. “Com a rodoviária privatizada, o preço tende a aumentar seja do salgado que você compra, seja do banheiro que você tem que usar, se você vai estacionar, você tem que pagar, o preço da passagem fica um absurdo, ao passo que a qualidade continua horrível”, diz.

Home branco de cabelo e barba pretos usando uma camiseta azul, com o punho cerrado apontado para cima em sinal de resistência
Edson Victor, coordenador geral do DCE(foto: Mariana Rebouças/CB)

O universitário mora em Planaltina e desabafa sobre como a medida afetará, em maior medida, estudantes como ele, de baixa renda e que moram longe de seus centros de ensino. “O estudante pobre, como eu, que é realmente atingido. Eu gasto três horas para ir e voltar todo dia da UnB, o que completa quase seis horas, um quarto do meu dia só em transporte público”, conta.

Maktus Fabiano, estudante da Universidade de Brasília. Jovem negro, de cabelos afro e bigode preto usando uma camiseta amarela.
Maktus Fabiano, estudante da Universidade de Brasília(foto: Arquivo Pessoal)

Para Maktus Fabiano, 19 anos, estudante de história da UnB e participante do movimento estudantil “Juntos!”, a privatização afetaria profundamente não apenas estudantes, mas todos os que dependem da rodoviária no seu cotidiano. “A rodoviária é um local do povo, é um local que não pode ter dono, o dono da Rodoviária do Plano Piloto são as pessoas que circulam por ela, são as pessoas que trabalham nela. Esse projeto foi algo totalmente sem aviso, que foi tomado apenas por aqueles que têm poder, sem consultar a população que realmente seria afetada por isso”, argumenta.

Estudantes vão até Câmara Legislativa manifestar contra a privatização da Rodiviária
Estudantes vão até Câmara Legislativa manifestar contra a privatização da Rodiviária(foto: Mariana Rebouças/CB)

Segundo a administração da Rodoviária, o público estimado do terminal varia entre 700 e 800 mil pessoas, diariamente — uma cidade à parte dentro do Distrito Federal. O número de ônibus que transitam pelo local é de 3,8 mil por dia.

*Estagiária sob a supervisão de Priscila Crispi.

 

 

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Mariana Rebouças