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Os pesquisadores estudaram a resposta imunológica de mais de 90 casos confirmados (incluindo 65 por testes virológicos)
  A imunidade baseada em anticorpos, adquirida
após a cura da COVID-19, desapareceria em alguns meses, de acordo com um novo
estudo, o que poderia complicar o desenvolvimento de uma vacina eficaz de longo
prazo.
 “Este trabalho confirma que as respostas
de anticorpos protetores em pessoas infectadas com SARS-CoV-2 (…) parecem
decair rapidamente”, afirmou nesta segunda-feira o Dr. Stephen Griffin,
professor associado da Escola de Medicina da Universidade de Leeds (Reino
Unido).
 “As vacinas em desenvolvimento deverão ou
gerar proteção mais forte e duradoura contra infecções naturais ou ser
administradas regularmente”, acrescentou o médico, que não participou do
estudo.
 “Se a infecção fornece níveis de
anticorpos que diminuem em dois a três meses, a vacina potencialmente fará a
mesma coisa e uma única injeção poderá não ser suficiente”, declarou a
Dra. Katie Doores, principal autora do estudo, ao jornal Guardian.
 O estudo do prestigiado King’s College de
Londres, que ainda não foi revisado, foi publicado no site medrxiv. 
 Os pesquisadores estudaram a resposta
imunológica de mais de 90 casos confirmados (incluindo 65 por testes
virológicos) e mostram que os níveis de anticorpos neutralizantes, capazes de
destruir o vírus, atingem o pico médio em torno de três semanas após o início
dos sintomas, depois diminuem rapidamente.
 De acordo com exames de sangue, mesmo os
indivíduos com sintomas leves tiveram uma resposta imune ao vírus, mas
geralmente menor do que nas formas mais graves.
 Apenas 16,7% dos indivíduos ainda apresentavam
altos níveis de anticorpos neutralizantes 65 dias após o início dos
sintomas. 
 O estudo também tende a minar a hipótese de
imunidade coletiva, que supõe uma proteção global, após uma alta porcentagem da
população adquirir imunidade após ser infectada. 
 Especialistas apontam, no entanto, que a
imunidade não se baseia apenas em anticorpos, o corpo também produz células
imunes (B e T) que desempenham um papel na defesa do organismo.
 “Mesmo que você não tenha anticorpos
circulantes detectáveis, isso não significa necessariamente que você não tem
imunidade protetora, porque provavelmente possui células de memória imune que
podem rapidamente entrar em ação para iniciar uma nova resposta imunológica se
ficar exposto ao vírus novamente, para que você possa ter uma infecção mais
leve”, afirma o professor de imunologia viral Mala Maini, consultor da
University College de Londres.
 Até que mais informações sejam aprendidas,
“mesmo aqueles com um teste de anticorpos positivo – especialmente aqueles
que não sabem onde foram expostos – devem continuar a ter cautela,
distanciamento social e uso de uma máscara apropriada”, alerta James Gill,
professor honorário da Warwick Medical School.
Foto: Ed Jones