TCE

Equipe econômica prevê economia de R$ 2,2 bilhões aos empresários

 O governo federal reduziu pela metade as
contribuições obrigatórias das empresas para o Sistema S, por um período de
três meses, de 1º de abril a 30 de junho. A
Medida Provisória 932/2020
 foi publicada hoje (1º) no Diário Oficial da União e está
dentro do pacote de medidas anunciado
pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para ajudar empresas afetadas pela
crise provocada pela pandemia de covid-19.
 De acordo com a equipe econômica, será uma
economia de R$ 2,2 bilhões para os empregadores.
 O Sistema S é um conjunto de entidades,
administradas por federações e confederações patronais, voltadas para o
treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e
assistência técnica. São elas: o Serviço Social da Indústria (Sesi); Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc);
Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac); Serviço Social de
Transporte (Sest); Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat);
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

 Contribuições

 As contribuições ao sistema incidem sobre a
folha de salários das empresas pertencentes à categoria correspondente e são
repassadas pelo governo às entidades. As alíquotas variam de 0,2% a 2,5%. As
indústrias, por exemplo, recolhem 1% ao Senai e 1,5% ao Sesi, sobre a folha de
pagamento. As empresas do comércio recolhem 1,5% ao Sesc.
 De acordo com a MP, nos próximos 3 meses as
alíquotas serão:
 Sescoop: 1,25%
 Sesi, Sesc e Sest: 0,75%
 Senac, Senai e Senat: 0,5%
 Senar: 1,25% sobre a folha de pagamento; 0,125% sobre a receita da
comercialização da produção rural devida pelo produtor rural pessoa jurídica e
pela agroindústria; e 0,10% sobre a receita da comercialização da produção
rural devida pelo produtor rural pessoa física e segurado especial.
 Apenas as alíquotas de contribuição ao Sebrae
não mudaram. Entretanto, o texto prevê que o Sebrae repasse ao Fundo de Aval às
Micro e Pequenas Empresas ao menos 50% do adicional que recebe para execução
das políticas de apoio às micro e pequenas empresas.
 Já a retribuição paga à Receita Federal pelas
entidades, pelo serviço de recolhimento das contribuições, será de 7% do
montante arrecadado. Hoje, essa retribuição é de 3,5%. A nova alíquota vale
também por três meses para o Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sest, Senat, Senar e
Sescoop.

 O que dizem as confederações

 Em comunicado divulgado hoje, a Confederação
Nacional da Indústria (CNI) afirmou que o corte nas contribuições afetará de
forma drástica o trabalho realizado pelo Sesi e Senai na formação e preparação
de mão de obra, na educação básica de jovens de baixa renda e no atendimento à
saúde do trabalhador.
 De acordo com a CNI, a redução das
contribuições pode inviabilizar também as diversas
ações
 que as duas entidades têm realizado para ajudar o país a
enfrentar a pandemia da covid-19, como a manutenção de milhares de respiradores
mecânicos, fundamentais para pessoas infectadas com o novo coronavírus.
 “A iniciativa do governo federal vai na
contramão do que está sendo feito em diversos países, no sentido de ampliar a
proteção social da população neste momento da crise gerada pela pandemia do
novo coronavírus”, afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, no
comunicado. “Ao reduzir os recursos, sob a justificativa de aliviar o caixa das
empresas, o governo cria outro problema muito maior: desarticula e, em alguns
casos, inviabiliza a principal rede de apoio à tecnologia e à inovação de empreendimentos
industriais, bem como para a formação profissional e a saúde e segurança de
milhões de trabalhadores em todas as regiões do país”, acrescentou.
 Segundo as estimativas da CNI, 136 centros de
educação profissional e de serviços tecnológicos e de inovação do Senai podem
ser fechados e 830 mil vagas de qualificação profissional podem deixar de ser
ofertadas. No Sesi, 150 escolas e centros de atendimento à saúde do trabalhador
também devem ser fechados e 217 mil vagas para alunos de educação básica e continuada
deixarão de ser ofertadas. Outras 1,9 milhão de pessoas deixarão de ser
beneficiadas com atendimentos em saúde, segundo a entidade.
 Na semana passada, quando a redução das
contribuições foi anunciada, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC) também alertou que a medida provocará o fechamento de 265 unidades do Sesc e do Senac, a demissão de 10.210
trabalhadores em todo o país e a redução de mais de 36 milhões de atendimentos,
vagas e inscrições nos serviços oferecidos.
 A entidade patronal afirmou que a redução dos
atendimentos vai afetar municípios que necessitam da infraestrutura das duas
instituições, inclusive para atendimento básico à população.
Foto:  Nacho
Doce