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Nos anos 1980, o primeiro parlamentar indígena do Brasil, o cacique xavante Juruna, circulava com um gravador para registrar conversas com outros políticos porque dizia que a palavra do homem branco não era confiável.
Na era digital, ameaçadas pela destruição de sua floresta e pela invasão da agricultura em suas terras, as tribos brasileiras estão publicando vídeos nas redes sociais e filmando com câmeras instaladas em drones para contar sua história e fortalecer sua ameaçada cultura.
Em uma reunião de centenas de líderes tribais amazônicos realizada nesta semana na reserva do Xingu para debater maneiras de resistir a planos do governo para os povos indígenas, cada discurso e dança ritual são gravados e compartilhados na internet.
A Mídia Índia, uma rede que se classifica como a voz do povo indígena, publica notícias e imagens no Instagram e podcasts no Spotify para ajudar a manter os 850 mil indígenas do país informados.
Erik Terena, um de seus organizadores, disse que isso se tornou uma tarefa mais urgente do que nunca desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que afirma que os povos indígenas não deveriam ser mantidos “como animais em um zoológico” e que pretende abrir reservas ao garimpo e à agricultura.
“Estamos vivendo sob um governo que usa notícias falsas e mente para prejudicar a população indígena”, afirmou. “Estamos tendo que lutar contra uma nova colonização recorrendo à etnomídia para contar a verdade sobre nós”, explicou Erik, membro da tribo terena.
  • por Reuters