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Uma iraniana executou a própria mãe condenada por ter matado o marido e pai da filha. Maryam Karimi estava com a corda no pescoço e com os pés apoiados em uma cadeira no presídio de Rasht (Irã). Coube à filha, de 19 anos, chutar a cadeira e completar o enforcamento. O caso ocorreu em junho, mas só agora foi denunciado por uma organização de defesa dos direitos humanos, que afirma que autoridades judiciais estão transformando vítimas de violência em carrascos.

Segundo a Iran Human Rights, Maryam, vítima de abusos constantes, pediu o divórcio, o que foi negado pelo marido. Ebrahim, o pai dela, resolveu intervir, sem sucesso. Os dois, então, arquitetaram o assassinato. O Irã aplica a sharia, a lei islâmica baseada nos fundamentos do Alcorão. Uma das suas diretrizes diz que cabe à família de uma pessoa assassinada autorizar o enforcamento do autor do crime. A filha, assim, teve que tomar a decisão. Mais do que isso: participou do processo.

Maryam e o pai foram para o corredor da morte em fevereiro do ano passado. Ele foi levado para ver o corpo da filha enforcado e, depois, teve o mesmo destino.

“O código penal iraniano, além de ter punições desumanas, também promove a violência na sociedade”, disse Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da Iran Human Rights. “Nos casos de assassinato em que eles falam sobre Qisas, ou ‘retribuição em espécie’, o que eles realmente fazem é colocar a responsabilidade de uma execução nos ombros da família da vítima de assassinato. Então, de vítimas, elas se transformam em carrascos. Fica ainda mais brutal quando temos esses assassinatos dentro da família”, acrescentou ele.

De acordo com Mahmood, as famílias são pressionadas a escolher o sangue em vez de aceitar dinheiro ou conceder o perdão.

“Eles se sentem culpados se não pedirem o troco. É feito usando pressão psicológica, então é de uma maneira muito sutil”, declarou ele.

Fonte: https://extra.globo.com/noticias/page-not-found/jovem-chuta-cadeira-mata-propria-mae-enforcada-em-execucao-em-presidio-no-ira-25565887.html