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a Praça Cazuza, na Rua Dias Ferreira, Leblon, público aglomerou até mesmo na rua, dificultando a passagem de carros Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Com som alto, ruas do Leblon ficam lotadas pelo segundo dia seguido, mesmo sem carnaval

Debaixo de chuva, centenas de jovens improvisaram uma ‘festa’ na Praça Cazuza; Seop interditou evento Bosque Bar, no Jockey

Leonardo Sodré

14/02/2021 –

RIO — Se na primeira noite de feriado prolongado o decreto em vigor no Rio que limita a circulação de pessoas não foi suficiente para evitar as aglomerações nas ruas da cidade, na noite deste sábado, dia 13, nem a chuva desencorajou quem estava disposto a burlar as regras. Pelo segundo dia seguido, no Leblon, a Rua Dias Ferreira ficou lotada e, dessa vez, jovens improvisaram uma ‘festa’ com som alto na Praça Cazuza. A operação da secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) interditou o evento Bosque Bar, no Jockey Club, na Lagoa, e esteve em casas noturnas da Barra da Tijuca e de Copacabana.

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Em frente a bares e restaurantes, no perímetro que segue da Rua Dias Ferreira até a Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, centenas de pessoas sem máscaras se aglomeravam como se os festejos do carnaval esse ano não estivessem cancelados. Alheios à pandemia da Covid-19 e à marca de 31.283 mortos pela doença registrada neste sábado no estado do Rio, jovens com purpurinas no corpo se abraçavam e dançavam em volta de uma caixa de som portátil colocada no meio da Praça Cazuza.

A Praça Cazuza, na Rua Dias Ferreira, Leblon, teve aglomeração e improviso com som alto Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Apesar do Leblon estar no foco da operação montada pela prefeitura para coibir reuniões ilegais e clandestinas no carnaval, assim como os demais bairros da Zona Sul e a Lapa, como informou a Secretaria de Ordem Pública (Seop) ao GLOBO, guardas municipais que atuavam no local apenas orientavam os frequentadores a liberarem a passagem dos carros. Com as aglomerações ultrapassando o limite das calçadas, motoristas encontravam dificuldade para transitar pelo local.

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O casal de Minas Gerais Sara Oliveira e Cleiton Dias, de passagem pelo Rio, comemorou ter encontrado as ruas do Leblon lotadas, mesmo com todas as irregularidades.

— Esse é o terceiro ano seguido que viemos passar o carnaval aqui. Esse ano, viemos mais para descansar, porque achávamos que não teria muita movimentação, mas quando soubemos dessa balada aqui no Leblon, ficamos animados para vir conferir — conta Sara, que prefere minimizar os efeitos da Covid-19. — Nós dois já pegamos e não tivemos problemas. Muita coisa que se fala dessa pandemia é alarmismo — considera.

Há poucos metros do casal, um grupo de meninas, sem máscaras, jogavam purpurina uma nas outras. Quando uma nova integrante se juntou ao grupo, foi convidada pelas demais a entrar no “carnaval”.

— Vem carnaval, vem carnaval — gritaram elas em coro enquanto jogavam purpurina na recém chegada, formando uma roda em volta dela.

Em nota, a Guarda Municipal do RIo disse que as equipes “fizeram a desobstrução da via pública ao trânsito, na altura da Praça Cazuza, e coibiriam irregularidades de trânsito, como o estacionamento em fila dupla cometido por motoristas de táxis”. Na sexta-feira, houve apreensão de uma caixa de som na Rua Dias Ferreira. Entre suas estratégias para coibir a aglomeração, o órgão informou que “os agentes utilizam ainda sirenes das viaturas para provocar a saída das pessoas da via pública”.

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Na Lapa, centenas pessoas se aglomeravam na Avenida Men de Sá, no trecho entre os arcos e a Rua do Lavradio. Alguns poucos vendedores ambulantes atuavam no local. Um deles, que usava máscara e pediu para não ser identificado, lamentou o cancelamento das festas de carnaval, mas disse está preocupado com o avanço da epidemia.

— Só estou aqui porque preciso mesmo trabalhar — alegou.

Durante a madrugada, o evento Bosque Bar, no Jockey Club, na Lagoa, que era realizado sem alvará, foi interditado pela Seop. A reportagem não conseguiu contato com responsáveis até a publicação desta matéria.

De acordo com a Guarda Municipal do Rio, na Zona Sul foram registradas 309 ações até o momento, sendo 227 multas de trânsito, 32 notificações sanitárias por falta do uso de máscara, aglomeração e 48 ocorrências e auxílios ao público e a outros órgãos.

Na noite de sábado, dia 13, os bares Colinda, Boteco Boa Praça, Brewteco, Ferro Leblon Pizzaria e Marisqueira, que funcionam na Rua Dias Ferreira, foram fiscalizados e notificados por infrações sanitárias. Na Avenida Ataulfo de Paiva, as ações foram concentradas na altura do bar e restaurante Jobi, endereço de aglomeração na última sexta-feira. A GM também tem atuada em conjunto com outros órgãos, como a Seop.

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As equipes da prefeitura também estiveram na Vitrini Lounge e na Lalu Lounge, na Avenida Armando Lombardi, na Barra da Tijuca. Segundo a Seop, nestes locais não foram encontradas irregularidades. No entanto, centenas de pessoas se reuniam na frente das casas noturnas. Com a chegada da fiscalização, a aglomeração foi para o posto de gasolina ao lado. A Seop também esteve no Lagoon, na Lagoa, e na Dash Club, em Copacabana. A pasta diz que ambos os locais funcionavam sem aglomeração ou qualquer outra irregularidade.

Enquanto a fiscalização acontecia na Lagoa, por volta da 0h40, a equipe do GLOBO foi abordada por um motorista que dirigia um carro com placa de São Paulo. Ele pediu orientação de como pegar o caminho mais rápido para chegar na Avenida Engenheiro Souza Filho, no Itanhangá, onde participaria de uma festa. Sem querer se identificar, justificou a pressa:

— Tenho que chegar antes de 1h, porque depois disso o ingresso vai custar R$ 1,5 mil.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/com-som-alto-ruas-do-leblon-ficam-lotadas-pelo-segundo-dia-seguido-mesmo-sem-carnaval-24883137?utm_source=globo.com&utm_medium=oglobo