A manhã desta segunda-feira, 7 de agosto, trouxe a triste notícia da morte de Aracy Balabanian, aos 83 anos, em decorrência das complicações de um câncer de pulmão, diagnosticado no ano passado. A veterana estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, zona Sul do Rio de Janeiro e veio a falecer devido às complicações de um câncer. A morte foi confirmada pela TV Globo. A última aparição da atriz na emissora foi em 2019 no especial de final de ano “Juntos a Magia Acontece”. Em nota, a clínica lamentou a morte de Aracy:
“A Clínica São Vicente lamenta a morte da paciente Aracy Balabanian na manhã desta segunda-feira (07) e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda. O hospital também informa que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes.”
DO MATO GROSSO PARA O BRASIL
Nascida em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e sendo a mais nova de sete irmãos, de origem armênia, Aracy demonstrou seu interesse pela arte ainda jovem. Com 18 anos, ingressou tanto na Escola de Arte Dramática de São Paulo quanto no curso de Ciências Sociais na USP, este último incentivado pelo pai. Contudo, durante o terceiro ano acadêmico, sua paixão pelo palco a fez escolher a carreira artística. Na década de 1950, tal escolha era muitas vezes vista com ceticismo, mas Aracy foi resiliente. Ao longo de seus mais de 60 anos de trajetória, participou de 28 novelas, inúmeras minisséries e outros projetos na Globo. Sua estreia ocorreu em 1972 com “O Primeiro Amor”, e logo em seguida, seu talento foi reconhecido com o papel de Gabriela em “Vila Sésamo”.
Aracy nunca teve filhos, porém sua interpretação da matriarca Dona Armênia em “Rainha da Sucata” se tornou inesquecível. Devido ao sucesso, personagens como Geraldo, Gerson e Gino retornaram em “Deus nos Acuda”. Seu bordão “Na Chon” ressoou entre o público, celebrando a ancestralidade da atriz e a transformando em uma figura carismática.
Outro destaque de sua carreira foi a personagem Cassandra, da série “Sai de Baixo”. Durante seis anos, os domingos dos brasileiros foram pontuados por esse programa, onde Aracy pôde combinar suas paixões: a atuação teatral e a televisiva. As gravações aconteciam ao vivo, o que dava margem a improvisos e contagiantes gargalhadas da atriz, muitas vezes surpreendida pelas piadas de seus colegas. Seu último papel na emissora foi em 2019, no especial “Juntos a Magia Acontece”, interpretando Dona Rosa.
As últimas vezes que Aracy brilhou nas telinhas foram recheadas de elogios, como sempre. Ela fez uma participação em “Malhação: Vidas Brasileiras (2019) e foi Dona Rosa no especial “Juntos a Magia Acontece”. A atriz é filha de dois imigrantes Armênios, mas cresceu em São Paulo. Em um entrevista para a TV Globo, ela contou que reparou aos 12 anos a dificuldade que enfrentaria:
“Estava emocionada porque era aquilo que eu queria. É muito difícil para uma criança de 12 anos, ainda mais naquela época, querer ser atriz e já perceber que ia ter muitas dificuldades”
O COMEÇO DE UMA LENDA
Aracy enfrentou o machismo e o preconceito de cabeça sempre erguida, mas, dentro da família o apoio não era tão forte, já que teve que ir contra os desejos de seu pai. Sem desistir, ela estreou na emissora global com “O Primeiro Amor” de Walther Negrão, como Giovana. Ela também fez parte da Rede Manchete durante alguns anos, aonde fez parte de novelas como “Mania de Querer” (1986) . Logo depois, ela voltou para a emissora em uma novela querida por muitos: “Que Rei Sou Eu?” (1989).
GRANDES PARCEIROS
Dentre suas passagens como Gabriela em “Vila Sésamo” (1973) e “Bravo!” (1975), Aracy teve grande destaque em um grande hit da faixa das 21h em “A Próxima Vítima” (1995) como Filomena Ferreto. Grande parceira do escritor Silvio de Abreu, ela também marcou com sua atuação como Armênia em “Rainha da Sucata” (1990). Em tela, ela sempre teve o prazer de dividir os holofotes com grandes nomes, como foi na sitcom brasileira “Sai de Baixo” ao lado de Miguel Falabella, Marisa Orth, Luís Gustavo e Cláudia Jimenez. Em uma entrevista, ela disse que muitos momentos em que dava risada não era programado, já que tinha o riso frouxo e então passava toda a sua espontaneidade ao lado de grandes atores e atrizes em cena. Ela revelou:
“Eu pedi para sair nas primeiras semanas, eu não tinha o tempo de comédia que eles tinham, eu não sabia fazer como eles faziam. Eu tinha riso frouxo assim como tenho choro frouxo, eu sou um pouco desequilibrada. Cheguei para o Daniel Filho e eu disse: ‘Eu preciso sair, não tenho condições’. E ele me perguntou o que eu queria fazer e eu disse que queria rir das piadas que eles fazem. E ele falou: ‘Dá risada!” E virou um mote da história toda! O Miguel contava as palhaçadas todas e eu ria.”.
Em sua memória, a TV Globo tem uma programação especial prevista, incluindo a exibição de “Sai de Baixo – O filme” na Sessão da Tarde, homenagens durante o evento Criança Esperança e uma retransmissão da entrevista dela no Conversa com Bial.
Fonte: O Fuxico
Foto: Divulgação