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Aproximadamente 120 jovens entre 11 e 17 anos participaram da nona edição da Olimpíada da Juventude da Floresta, promovida pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) entre os dias  8 e 10 de julho, na comunidade da Enseada,  município de Itapiranga,. Atletas vieram de oito comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, além dos times da comunidade rural da Enseada e do time do bairro periférico de Itapiranga, chamado Novo Horizonte.

Os jovens dividiram-se em seis times. Em geral, o nome tinha origem com algum aspecto da comunidade: Peixe-boi, Caju, Macaxeira, Tucunaré, Jacaré e Boto. Dentre as seis equipes participantes, a vencedora foi a equipe Caju, das comunidades São Francisco do Caribi, Cesareia e Ebenezer. O time contabilizou  25 medalhas, seguida de Macaxeira, com 22, e em terceiro lugar, Peixe-boi com 18 medalhas.

A equipe Tucunaré, da comunidade Bela Vista, viajou 14 horas de barco para chegar na comunidade da Enseada. Foi a primeira vez que jovens e professores participaram de um evento como a Olimpíada. Antes da FAS divulgar os resultados, a professora Lucylene Cunha foi cautelosa ao falar das expectativas quanto aos resultados: “Ganhar é bom, mas se a gente não ganhar, com a experiência que a gente teve, a gente já é campeão”. Com medalhas em mãos, ela “era só felicidade” e, finalmente, expressou sua confiança na equipe: “Eu tinha certeza que a gente ia ganhar”.

Em sua quinta participação nas Olimpíadas, Jamile Miranda Leite sempre espera com ansiedade pelo evento. “É sempre um motivo de grande ansiedade poder participar das olimpíadas, porque em cada lugar a gente aprende sobre a cultura e as pessoas, então são novas experiências, novas oportunidades, novos conhecimentos. Desejo que novos jovens abracem as olimpíadas, pois só tem a contribuir”.

“Quando a gente começa a preparatória da olimpíada, é muito interessante porque os olhos desses jovens brilham porque eles realmente entram no clima de jogos olímpicos. Eles vêm aqui para representar a sua comunidade, se integrar com outros jovens. A gente vê a felicidade que é para eles estarem representando a comunidade onde nasceram”, disse Fabiana Cunha, gerente do Programa de Educação para a Sustentabilidade da FAS.

Segundo Fabiana, a realização de um grande evento envolve a participação de muitos parceiros, desde a liderança da própria comunidade até as instituições locais do município. “Isso é importante para mostrar como um trabalho articulado traz benefícios para uma comunidade”. As Olimpíadas da Juventude da Floresta recebem recursos via leis de incentivo da Unilever, Farmacêutica EMS, Vivara, Yamaha, Ticket Log, Repom, Bic, Edenred, Guascor do Brasil, e parceria do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), das Prefeituras de Itapiranga, São Sebastião do Uatumã e Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas.

Se tem olimpíada, tem tocha olímpica

A missão de acender a tocha olímpica coube à atleta Brena Monteiro, de 16 anos, moradora da comunidade da Enseada, em Itapiranga. A jovem, que até já competiu fora do Amazonas, é atleta do lançamento de dardo. Foi a segunda vez que acendeu a tocha e acredita que foi escolhida para essa missão justamente por já ter competido fora do Amazonas. “Eu já competi em Manaus e em Santa Catarina. Acredito que por isso, fui escolhida”, diz a estudante que já tem cinco medalhas. “Meu interesse pelo esporte começou do nada. Eu fui competir nos jogos escolares, aí eu ganhei, e fui amando os esportes”.

Enseada, a comunidade do legado

É a primeira vez que a comunidade da Enseada é atendida pelos projetos de educação da FAS. A preparação para a Olimpíada da Floresta envolveu a mobilização de muitas pessoas e muitos parceiros. Os próprios moradores se mobilizaram para preparar a infraestrutura e a arena dos jogos. A partir das Olimpíadas, eles vão poder realizar atividades no mesmo local. Para Ney da Silva Libório, gestor da Escola Municipal Professora Maria Aparecida Libório, a comunidade esperava há oito anos pelo ginásio de esportes, cuja reforma não havia sido concluída: “O telhado havia voado e não tinha sido substituído. Além disso, agora tem a quadra de areia e a área para salto em distância. Na parte da infraestrutura, a rua foi asfaltada e foi construída uma escada para acesso ao rio de 190 degraus. O ambiente ficou mais aconchegante e contagiante para receber nossos visitantes”.

A atividade esportiva, dentre elas as olimpíadas, é essencial no fortalecimento à cidadania, mas o acesso ao esporte ainda é um grande desafio nas comunidades mais distantes das sedes municipais.  Tornar isso uma atividade integradora entre os jovens das comunidades  evita que eles passem muito tempo ociosos e é um grande diferencial das atividades. A próxima Olimpíada da Juventude da Floresta deverá ocorrer no município de Uarini até dezembro de 2022.