TCE

Com o tema: “Estado, Trabalho e Políticas Públicas na Amazônia: navegando entre passado e futuro” foi realizada a abertura do III Encontro Nacional de Trabalho Interdisciplinar e Saúde (ENTIS), no auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O encontro aconteceu entre os dias 25  e 27 de outubro.

O evento está promovendo conferências, palestras, debates, painéis, minicursos, exposições de pôsteres, comunicações orais de resultados de pesquisas concluídas ou em andamento e também o compartilhamento de experiências de trabalho inovadoras.

Em sua terceira edição, o evento traz para o centro do debate a temática “Estado, Trabalho e Políticas Públicas na Amazônia: navegando entre passado e futuro”, de modo a problematizar as políticas públicas no contexto amazônico, com atenção especial à política de saúde. Para abordar o assunto a abertura do evento contou com a presença da professora titular aposentada da escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dra. Ivanete Boschetti e da professora voluntária na Universidade Federal do Pará (UFPA), dra. Violeta Loureiro.

Autora de vários livros sobre política social, seguridade social e trabalho e serviço social, a professora dra. Ivanete Boschetti, ressaltou a necessidade de assegurar as lutas sociais nas ruas e o fortalecimento dos movimentos sociais. “Não podemos aceitar esse redimimos limitado que nós temos visto no Brasil. Devemos incluir as lutas anticapitalistas por direitos sociais, políticas públicas.  Temos que lutar para revogação da Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, lutar pelo arcabouço fiscal que foi aprovado menor que o teto de gastos. Precisamos ficar atentos para lutar por uma reforma na seguridade social e etc.”, avaliou.

A pesquisadora Dra. Violeta Loureiro que é referência em diálogos sobre a Amazônia como colônia do Brasil alertou sobre as questões ambientais na Amazônia. “O que devemos fazer para tirar a Amazônia desse sufoco? No meu entendimento primeiro devemos corrigir os erros do passado. Que erros graves são esses? Por exemplo, o Fundo Constitucional Norte foi criado para financiar a pequena e média empresa na Amazônia. Os recursos do fundo cerca 40% foram para a pecuária na Amazônia. A gente precisa corrigir isso. Hoje a Amazônia tem 6 hectares de pastos sujos que foram feitos sobre terras de pouca fertilidade e que hoje nasce nem capim. Precisamos conscientizar através das nossas das nossas pesquisas, palestras, dos debates de que é preciso entender que as terras da Amazônia não são férteis e a floresta retroalimenta o solo. Não se pode desflorestar porque é a floresta que mantém o solo. Dá para fiscalizar diversas ações na Amazonia”, concluiu.

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS/UFAM), professora Dra. Roberta Ferreira Coelho de Andrade, o encontro está sendo uma oportunidade para problematizar as políticas públicas na região amazônica. “Nós devemos ter um olhar diferenciado para as políticas públicas voltadas para a Amazônia. Estamos vivenciando um momento delicado no aspecto ambiental. As secas e queimadas estão assolando o nosso Estado e o nosso Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) tem uma proposta de debate da sustentabilidade. A nossa lógica é que nós precisamos criar recursos para que essa sociedade continue existindo e que os povos tradicionais tenham o direito de manter as suas tradições e seus saberes e que a floresta possa permanecer de pé porque a floresta também é a nossa casa”, avaliou.

 

MESA REDONDA

A mesa redonda com o tema “A saúde e o trabalho no banzeiro do Estado Ultraneoliberal: entre limites e possibilidades”, fez parte do segundo dia do evento que contou com as palestras do Dr. Marcus Barros e do Dr. Maurílio Matos com a mediação da Dra. Vera Lúcia Batista. A discussão teve a participação do público presente.

O médico infectologista e pesquisador, Dr. Marcus Barros, afirmou que as políticas públicas de saúde para a Amazônia devem ser distintas. “A luta pela manutenção e aperfeiçoamento do sistema é constante. Um grande exemplo, foi o caso da pandemia do coronavírus que matou diversas pessoas no Amazonas. As políticas públicas de saúde para a Amazônia devem distinguir-se de todas as outras regiões brasileiras pelos motivos que todos nós conhecemos, a extensão territorial, densidade demográfica, clima e diversidade cultural e biológicas”.

O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Dr. Maurílio Matos, avaliou o Sistema Único de Saúde (SUS). “O SUS foi parcialmente implementado. Uma  parte acontece e outra não acontece. Podemos pensar em avanços importantes na construção do SUS como, por exemplo, a alta complexidade, o sistema de imunização e a política de HIV Aids que é referência. Mas, ainda temos inúmeros limites do Sistema de Regulação de Vagas, saúde bucal e etc. Podemos dizer que temos um SUS uma hora dar certo e outra não. Precisamos de políticas públicas para mudar essa realidade”, ponderou.

A palestra de encerramento “A Pluralidade do SUS na Amazônia: diálogo e proposições” contou com a participação da líder indígena, Vanda Ortega Witoto, da Tutora da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, Maria Adriana Trindade com a medição da professora dra. Lidiany Cavalcante.

 

PARCERIA

O evento é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS/UFAM) em parceria com a  Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS), da Escola de Humanidades (PUCRS), que possuem um projeto de cooperação acadêmica por meio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (PROCAD Amazônia).

 

MINICURSOS

Durante o evento foram oferecidos minicursos em diferentes temáticas voltadas ao trabalho e políticas públicas na Amazônia. Os minicursos disponibilizados:

 

Minicurso 1: Saúde Mental e Direitos Humanos.

Minicurso 2: A Interdisciplinaridade no Trabalho junto aos Povos Tradicionais.

Minicurso 3: Software Zotero na Inserção Automática de Referência Bibliográfica.

Minicurso 4: Gestão do Trabalho em Saúde Mental.

Minicurso 5: Residências em Saúde.

Minicurso 6: Ser, pensar e fazer a saúde LGBTQIA Amazônida.

Minicurso 7: Ginástica Laboral, ergonomia e saúde do trabalhador.

Minicurso 8: Dados, indicadores e sistemas de informação.

Minicurso 9: Abordagem social e de saúde na integração das populações vulneráveis.

 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa da UFAM

Foto: Divulgação