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Após jogar nos EUA, Thiago quer difundir o esporte em Roraima

 Cada atleta que está em Salvador (BA)
participando dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) tem uma meta. Algumas
são mais ambiciosas e pretendem ser atletas profissionais; outros menos, querem
se divertir e guardar boas lembranças da época de faculdade. Mas o objetivo de
Thiago Prado chama a atenção: ele quer desenvolver o esporte no seu estado,
Roraima.
 Após a carreira no basquete profissional ter
sido abreviada por uma lesão, Thiago decidiu cursar Educação Física na
Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares). Ele sonha atrair o interesse
do seu estado a partir do desempenho do seu time de basquete nos JUBs. “Eu falo
para os meninos para a gente montar um time forte para colocar Roraima no mapa.
E o pessoal de lá vai ver que o estado tem condições de disputar os JUBs e que
vale a pena investir”, disse.
 Os planos passam por despertar o interesse do
governo e também do empresariado local para, no futuro, abrir um clube de
basquete. “Meu sonho para depois de formar é abrir um clube, uma escolinha de
basquete. E poder fazer torneios com a base para incentivar esses atletas a
praticar esporte. Mas para tudo isso a gente precisa montar uma base, trazer o
esporte para o estado”, afirmou.

 Trajetória internacional iniciada nos JUBs

 O discurso de Thiago é firme e repleto da
convicção de quem já rodou o mundo jogando basquete. Com 33 anos e 2,08m de
altura, ele jogou profissionalmente até os 27 anos, até uma contusão obrigá-lo
a parar com o ritmo intenso de treinos e jogos.
 Já seu início no basquete foi aos 13 anos. Seu
talento abriu portas para conseguir bolsas de estudo no colégio e no ensino
superior, em Pernambuco. De lá, foi para São Paulo, sempre convidado e com
ofertas de bolsas de estudo. Foi quando participou da sua primeira edição dos
JUBs, há 15 anos.
 “Peguei seleção brasileira universitária na
época, jogamos sul-americano. Foi uma experiência maravilhosa, mudou a minha
vida”. O destaque nos JUBs e, posteriormente, na seleção brasileira, pavimentou
o caminho para, anos depois, chegar ao basquete universitário dos Estados
Unidos. Foram anos conhecendo e convivendo com uma estrutura e apoio que os
atletas no Brasil ainda não têm.
 “Todo mundo do time [nos EUA] era bolsista. E
além da bolsa, nós tínhamos moradia e alimentação; todo esse apoio que a gente
não vê aqui. Você não precisa tirar um centavo do bolso para jogar pela
universidade em outro estado. Ela vai pagar o transporte, estadia, alimentação,
tudo de todos os atletas”, explicou. Em seguida, lamentou a ausência de um dos
seus colegas de faculdade, que não teve condições de pagar uma passagem para
Salvador.
 “Um dos nossos atletas dos JUBs não veio
porque não conseguiu comprar passagem. Alguns tiveram que pagar do próprio
bolso para vir e ele ficou para trás. O que precisa melhorar é o apoio aos
atletas para que eles venham aos JUBs. Às vezes pesa muito ter que tirar esse
dinheiro do bolso para vir participar. Muitos atletas não vêm por conta disso”,
contou.
 Thiago Prado reivindica mais apoio para o
esporte, mas entende o outro lado: o esporte também é um negócio e todo apoio
pede uma contrapartida. “A faculdade vai apoiar o time a participar dos JUBs,
vai dar passagem e o que vai receber em troca? Precisam ter um retorno para o
investimento. Ninguém está jogando dinheiro fora. Precisa ter uma solução pra
isso”.

 Valorização dos JUBs

 Mesmo reconhecendo o trabalho dos
norte-americanos em formar atletas, Thiago vê uma qualidade nos JUBs que não
encontrou nos seus anos nos Estados Unidos. Para ele, os jogos aproximam e
promovem a interação como nenhum outro nessa categoria.
 “A interação que a gente tem com outras equipes,
com outras modalidades, isso não tem preço. É uma vivência para os jovens que
não têm outro lugar para  ter essa experiência”, destacou. Ele acrescentou
a importância de o atleta passar pelos jogos, adquirir a vivência e ter
momentos como esses para guardar.
 “É uma experiência única, principalmente para
quem só tem a oportunidade de jogar aqui no Brasil. O auge de muitos desses
atletas é isso aqui. A maior interação que eles vão ter com o esporte vai ser
nos JUBs. E é uma competição muito bacana e que, com certeza, vai agregar muito
ao atleta”, finalizou.
Foto: Saulo Cruz