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O grupo Anjos D’agua e Afluta distribuíram brinquedos e alimentos para crianças e mulheres

Neste domingo (15), os moradores das proximidades da Marina do Davi, que vivem em casas flutuantes na região do Tarumã-açu, zona Oeste de Manaus, participaram de atividades de lazer e de solidariedade executadas pelo grupo Anjos D’agua, em parceria com a Associação dos Flutuantes do Rio Tarumã-Açu (Afluta).

O grupo promoveu uma manhã com várias brincadeiras para crianças e adultos. Ofereceu lanche e doou cestas de alimentos não perecíveis para as famílias que estão em situação alimentar crítica, por terem perdido sua maior fonte de renda.

A decisão judicial, que determinou a retirada dos flutuantes, associada à vazante extrema, desempregou centenas de trabalhadores, muito residentes naquela região da cidade.

A família da dona de casa Maira de Oliveira Melo foi uma das mais afetadas. “Meu marido trabalha como pintor de embarcação. Agora, com tudo parado, ele quase não consegue serviço. Eu trouxe os meus dois filhos (um de 11 anos e outro de 6 anos) para se divertir para a gente esquecer um pouco as dificuldades. Tá muito duro viver aqui. Eu moro no Tarumã há 20 anos e esta é a fase mais ruim”, relatou a dona de casa.

A dentista e fundadora do grupo Anjos D’agua, Alessandra Rebelo, explicou que o projeto iniciado em 2004 tem como objetivo atender a ribeirinhos e indígenas em diversas localidades do Amazonas. “Eu também já fui ribeirinha. Conheço o sofrimento porque nasci nas margens do Rio Amazonas. Hoje, trouxemos alegria e alimento. Em dezembro, iremos realizar a última ação de 2023. Diversos profissionais como dentistas, médicos, advogados irão prestar atendimento em quatro comunidades. Este é um projeto que cresce porque tem muita gente precisando de ajuda. Ele auxilia os mais pobres e muda a gente também. Quando a gente termina uma ação desta, a gente está melhor como ser humano”, falou a fundadora com lágrimas nos olhos.

O presidente da Afluta, Nildo Affonso, relatou que os empresários do Tarumã-Açu se mobilizaram em prol dos moradores porque estão sensibilizados com a fome. “Neste momento, os moradores da região estão desempregados porque os flutuantes estão parados. Nós temos recebido mensagens de pessoas dizendo: ‘nós estamos há dois dias sem comer, minha geladeira está vazia’. Só na Marina do Davi são 80 famílias que estão passando necessidades”, afirmou Nildo.

Prejuízos

Foram convidadas quatro comunidades ribeirinhas para participar da manhã de descontração, mas os moradores não conseguiram comparecer porque estão isolados devido a vazante.

Os moradores da Marina do Davi tiveram de unir esforços para garantir a participação das mulheres e crianças. A chuva forte que caiu sobre Manaus, na madrugada do último sábado, levou a ponte improvisada construída pela prefeitura de Manaus. Sem alternativa para deslocamento, os próprios moradores tiveram de “arregaçar as mangas” e construir uma ponte devido a negativa do órgão municipal.

“Nós ligamos para a Sema (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus) implorando por socorro, mas eles disseram que nós não erámos prioridade. Disseram que só irão aparecer na Marina do Davi na segunda-feira (16/10). Isso deixou muita gente sem dormir porque a previsão é de mais chuva. Será mais lixo, mais sujeira trazida pelo igarapé do Gigante. Sem a prefeitura, ainda bem que esses anjos apareceram”, destacou Sara Guedes, presidente da Comunidade da Marina do Davi.

 

 

Fonte: Afluta

Foto: Divulgação