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A postura ‘neutra’ da Ferj revoltou cúpula. Com a crise financeira e filmes com mais audiência, sem Flamengo, Globo estuda abandonar próximos Cariocas
Demissões, demissões e mais demissões.
A Globo está mergulhada na maior crise de sua história.
E tem cortado a própria carne, mandando embora estrelas para tentar reequilibrar sua vida financeira.
O futebol  sempre foi um filão lucrativo.
Mas ela sempre contou com o apoio das entidades que organizam o esporte e com a covardia endêmica dos dirigentes de clubes.
O que aconteceu ontem, com o Flamengo transmitindo seu jogo contra o Boavista pela FlaTV, mesmo com o time pequeno tendo contrato com a emissora, revoltou seus executivos.
Eles viram a Globo tratada como inimiga nacional nas redes sociais. 
Patrocinadores, que comprometeram R$ 1,8 bilhão com a transmissão de futebol, serem desprezados, sem os jogos do atual clube campeão da Libertadores, Brasileiro e carioca. 
Sem o jogo semifinal do Flamengo, no domingo, já é garantido. Pois o mando é do clube rubro negro.
E se ganhar a partida e vencer o sorteio, também mostrará na FlaTV, a final da Taça Rio, que pode valer o título carioca. O time de Jorge Jesus venceu a Taça Guanabara e tem o maior número de pontos na classificação geral.
A Globo está sendo humilhada, odiada por conta de um campeonato que dá péssimo índice de audiência. Que ela estuda há anos abandondar: o Estadual.
Sem a pandemia, a emissora, por livre escolha já não mostrava os jogos de janeiro, confrontos inúteis de grandes contra pequenos. Preferia a audiência garantida de  novelas e filmes.
A Globo já abandonou, por exemplo, o Paranaense. Deixou para a DAZN mostrar no streaming, ou seja, no computador ou celular.
Com Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, muitos executivos da emissora querem se livrar dos cada vez menos importantes estaduais.
Tanto que não havia frenesi algum, antes da pandemia, pela Globo não ter assinado com o Flamengo, no Carioca. 
A dimensão aumentou absurdamente com os meses de paralisação do futebol, pelo coronavírus. 
E, mesmo com a curva ascendente da pandemia, a volta do Carioca chamou a atenção do país. E a Globo já se conformava por não ter os jogos do Flamengo. Mas sabia que ninguém teria.
Até que veio a Medida Provisória 948 e o clube ganhou o direito de mostrar seus  jogos como mandante.
A ira dos executivos globais foi enorme. Mas não contra o presidente Jair Bolsonaro, que trata como inimigo desde que assumiu. Nem tanto com o Flamengo, velho parceiro, que afinal, briga  por seus direitos e não tem contrato assinado com a emissora.
Mas a ira global é com a Ferj.
A emissora acredita que a Federação Carioca deveria ter sido mais efetiva. Batalhar para que o jogo do Flamengo e Boavista não fosse mostrado de jeito algum.
E, diante da perspectiva de ficar sem a da semifinal do rubro negro e até a final, decisão do torneio, há um movimento forte na Globo.
Dar o troco na Ferj.
Romper o contrato para mostrar os Estaduais até 2024.
Porque está claro que, com o sucesso da FlaTV, não há motivo algum para o clube assinar com a Globo e por valores ‘baixos’ como os R$ 18 milhões, aceitos por Vasco, Fluminense e Botafogo.
Se, em 2020, sem a FlaTV estabelecida e a MP, que deverá virar lei, o clube já havia pedido R$ 100 milhões por seus  jogos no Estadual, a perspectiva é que o valor seja ainda muito maior em 2021.
E não há dinheiro ou interesse de gastar mais.
Na liminar que tentou barrar a transmissão da partida do Flamengo, a Globo já ameaçava retaliar.
“É preciso ter bem claro que, a prevalecer a manobra do Flamengo, em frontal violação aos contratos já celebrados, a autora reavaliará a conveniência de manutenção dos contratos já celebrados e a possibilidade de interrupção de todos os pagamentos ainda pendentes de acordo com esses contratos, em prejuízo de todas as partes envolvidas.”
O fator principal que estimula os executivos a pensarem em virar as costas para o Campeonato Carioca.
Audiência.
Em São Paulo, principal praça, ontem não foi transmitido futebol. E, sim, o filme “Jogo do Dinheiro”. A audiência foi de 29 pontos.
No Rio de Janeiro, Botafogo e Portuguesa, que valia vaga para a semifinal da Taça Rio, estacionou em 17 pontos. 
Um fracasso.
Enquanto o Flamengo, na Internet, contra o fraquíssimo Boavista, teve cerca de 14 milhões de views.
Não há lógica para a Globo manter a transmissão do Carioca sem o Flamengo.
Muito menos como pagar R$ 100 milhões para o clube sem provocar uma batalha jurídica com Vasco, Botafogo e Fluminense, que prometem brigar por isonomia, ou seja, ganhar o mesmo que o rubro negro, por também serem equipes grandes.
Diante de tanto aborrecimento e a postura ‘neutra’ da Ferj, que foi vista como traição pela Globo, o troco está sendo costurado.
A emissora estuda romper o contrato para os próximos Cariocas.
Manter novelas e filmes na sua programação até começar a Libertadores, a Copa do Brasil, o Brasileiro.
A ideia da Globo largar os Estaduais não é nova.
E ganhou força com tudo que acontece no Carioca.
Mesmo o  Paulista, com contrato até 2021, perdeu força.
Depois de ontem da humilhação que passou ontem, há uma certeza na emissora.
Haverá retaliação.
A mais óbvia delas, nessa crise inédita que a Globo vive, é simples.
Romper o contrato com a Ferj até 2023.
E se livrar do Campeonato Carioca…