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A universitária e líder quilombola Elitânia de Souza da Hora, 25, assassinada a tiros no município de Cachoeira (BA), no Recôncavo Baiano, mudou o tema de seu trabalho de conclusão de curso (TCC) devido às agressões a que era submetida pelo ex. 
Um dos temas que a estudante havia escolhido para o trabalho era justamente a violência contra a mulher. O ex-companheiro dela foi apontado por testemunha e por familiares como autor do assassinato.
José Alexandre Passo Góes Silva foi localizado em Feira de Santana (BA) e preso pela polícia na tarde de sexta-feira (29). Segundo a polícia, a jovem enfrentava situação de violência havia um ano, e medidas protetivas de urgência determinavam que o ex-namorado não se aproximasse dela e nem entrasse em contato. 
No entanto, as ordens foram descumpridas diversas vezes.A polícia não explicou por que José Alexandre não foi preso nas primeiras vezes em que desrespeitou as medidas protetivas.
Elitânia estava no sétimo período do curso de serviço social na UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano), era quilombola e atuante em movimentos sociais. Tinha acabado de assistir à última aula da noite da quarta-feira (27), quando, por volta das 22h, voltava com uma amiga para casa e foi abordada pelo ex-companheiro, que chegou em uma moto.
Após atingi-la com três tiros, um na cabeça e dois no tórax, o homem fugiu. A amiga, única testemunha do crime, não se feriu. Elitânia ainda foi socorrida e levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
O professor orientador de Elitânia, João Paulo Aguiar de Sousa, foi uma das últimas pessoas com quem ela teve contato na universidade antes de ser morta. E contou que a violência sofrida pela estudante a influenciou por duas vezes a mudar o tema do trabalho de conclusão do curso.
O tema, a princípio, eram os cancelamentos de benefícios do Bolsa Família. Depois, ela pediu para mudar para violência contra a mulher porque estava sob medida protetiva. Agora, no finalzinho, ela disse que não tinha estrutura para pesquisar sobre o tema, porque tinha sido vítima [de agressão] mais uma vez. Por fim, fechamos com o tema da cultura quilombola no âmbito escolar”, diz o professor.
Fonte: UOL