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A chuva que começou a cair em Manaus, quando a estrutura metálica em forma de coração, que trazia a Cunhã Poranga Isabele Nogueira estava a 70 metros de altura, deixou apreensiva a multidão, que lotava o Curral do Boi Garantido, na madrugada do domingo (8). Olhares e celulares em direção ao alto era a principal imagem do local. Mas, ao pisar no palco, a indígena mais bonita da aldeia vermelha mostrou força e garra. Nem o piso extremamente liso e encharcado tirou o brilho da evolução e ela foi ovacionada pela galera vermelha e branca, durante e após a apresentação.

Antes de descer literalmente no palco, na “Noite da Cunhã Poranga”, realizada pelo Movimento Amigos do Garantido (MAG), Isabelle disse que estava ansiosa, pois pela primeira vez ia dançar a toada Isa-A-Bela de Paulinho Du Sagrado do álbum “Amazônia do Povo Vermelho”.

A afirmação que a toada mostra a força e empoderamento da mulher amazônida, que luta pelo que quer e faz bem o que se propõe, foi traduzida na sua evolução.

“Eu não sei o que senti. É tudo misturado. Alegria e emoção juntas. A chuva não veio para atrapalhar de jeito nenhum. Ela veio para nos abençoar. Veio para nos dar força e levar à vitória. Só tenho a agradecer pela noite de ontem”, enfatizou emocionada.

Para a vice-presidente do Garantido, Ida Silva, Isabelle demonstrou a força, beleza e exuberância com sua evolução. Ela enfatizou ainda que o Garantido é superação. “A chuva veio, todos ficaram apreensivos, mas a galera enviou sua energia e a nossa cunhã se superou na dança. Não subestimem o nosso povo vermelho”, enfatizou.

“A Isabelle mostrou toda a força do nosso boi. Vê-la no alto, na chuva, mostrando tranquilidade e depois evoluir com tanta beleza mostrou que é uma guerreira vermelha mesmo”, avaliou a médica Adriana Mesquita, no meio do povo vermelho.

O apresentador Israel Paulain e o levantador Sebastião Jr. foram os responsáveis pelo show principal e souberam conduzir a galera de forma magistral.

“Luta pelos povos indígenas

Antes da apresentação de Isabelle, foi realizado um protesto pela situação dos indígenas da etnia Yanomami. O palco foi ocupado por importantes lideranças indígenas do Amazonas: Vanda Witoto, Samela Sateré-Mawé e Thaís Kokama enfatizaram em seus discursos a luta constante do seu povo contra ataques sistemáticos.

“Somos o Boi da Amazônia e a luta pela resistência dos Povos Indígenas é uma de nossas bandeiras há décadas. A Nação Vermelha e Branca entendeu e celebrou o recado dado pelas mulheres guerreiras. Essa luta também é nossa”, confirmou Adan Renê da Direção Geral do Espetáculo (DGE).

Show

O evento também teve shows de Leonardo Castelo (Amo Arena 2), da levantadora Marcia Siqueira e de Carlinhos do Boi. Além da presença da Batucada; grupos de dança Garantido Show; Somos um Show e Grupo Ágatha e a torcida oficial Comando Garantido.

Fotos: Eduardo Cavalcante/Luciano Bitencourt