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Logo após sua eleição ao mandato de presidente, Bolsonaro havia sido vencedor também em duas categorias na cerimônia do prêmio “Cons d’Or” (babacas de ouro), do programa de TV humorístico da França “Je t’aime”; o de misógino e racista do ano. Ao final de seu mandato, são agora seus eleitores que passam vergonha na televisão do país.

Desta vez, foi no “Quotidien”, programa que mistura humor e jornalismo. Após os resultados da eleição presidencial, o enviado especial da atração foi conferir os bloqueios bolsonaristas de protesto contra o resultado.

Rodeado de viaturas, do exército e gente enrolada na bandeira do Brasil, o repórter Paul Gasnier explica ao público que, no Brasil, eles são chamados de “bolsominions”, provocando o riso do apresentador.

“Vale lembrar que foi Lula que ganhou as eleições contra o presidente atual de extrema direita Jair Bolsonaro. Bolsonaro levou 2 dias para aceitar sua derrota. Mas há aqui quem ainda não aceite, seus apoiadores fanáticos. Aqui no Brasil, há um apelido para eles. Todo mundo os chama de bolsominions”.

“Eles foram para frente dos quartéis reivindicar que o exército intervenha para manter Bolsonaro no poder, um projeto radical, violento e um pouco maluco também, que tem poucas chances de prosperar”.

No som de fundo, é possível ouvi-los repetir “Brasil, Brasil”. A reportagem acompanhou a concentração no Rio de Janeiro e mostra as imagens dos bolsominions pulando com bandeiras do Brasil e gritando “intervenção federal”.

O repórter é abordado por bolsonaristas, que lhe perguntam sua origem e, após a resposta, se na França se fala em fraude. Uma mulher repete o termo “fraude” quatro vezes.

“Você tem um presidente de esquerda. Aqui, a esquerda rasgou a constituição”, diz o bolsonarista, em alusão a Emmanuel Macron.

“Quando um carro do exército passa, eles aplaudem”, descreve o repórter.

Algumas madames dizem que, sem a mídia, Bolsonaro tem o “povo”.

A reportagem pede para subir no palco. Quando a equipe diz que vem da França, são autorizados. No palco, um dos organizadores instiga a multidão: “preparem-se para aparecer na televisão francesa!”

A multidão vai à loucura e grita “intervenção federal!” e “A Amazônia é nossa”.

“O clima é eletrizante e há muitos momentos de tensão. Agora há pouco, fomos hostilizados pela multidão, que pensou que éramos pró-Lula, é como as multidões pró-Trump; há muita desconfiança em relação à midia”.

Ao vivo, o apresentador pergunta: “No Brasil, eles pensam realmente que Emmanuel Macron é de esquerda?”

A plateia ri. “Sim, eles estão todos convencidos. Para eles, é um comunista”. A plateia cai na gargalhada, inclusive o apresentador. “Eles estão bastante desinformados”, emenda Yann Barthès.

Na véspera do “reconhecimento” de derrota de Bolsonaro, o repórter do programa foi a Brasília acompanhar o discurso.

Mais um cenário exposto ao ridículo: dois soldados do Batalhão da Guarda Presidencial que fazem uma marcha às portas do Palácio do Alvorada à espera da palavra de seu chefe; uma van apinhada de jornalistas para conduzi-los até a residência oficial…

“Eu ainda estou aqui, mas Jair Bolsonaro, ainda não”. O apresentador acena a cabeça, em sinal de uma reprovação sarcástica.

“As informações dos jornalistas brasileiros é de que Bolsonaro deve reconhecer sua derrota, não deve contestar o resultado, mas ele o faria com suas palavras, do seu jeito. É um pouco misterioso. Contarei amanhã”, diz Paul Gasnier.

“Sim, mas a ideia é ter pelo menos uma imagem de Bolsonaro (falando) antes do fim do programa”, responde Yann Barthès.

“Inshallah (se deus quiser, em arabe)!”, entoa o repórter, provocando novamente o riso da plateia.

No final das contas, caem no ridículo internacional Bolsonaro e os bolsonaristas.

Veja o vídeo:

 

Fonte: DCM