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Ernandes Dorneles Saldanha, de 23 anos, foi morto após fazer uma brincadeira com desconhecidos, afirma o treinador Rodrigo Stoch, dono da academia de muay thai onde o jovem treinava havia 5 anos. Segundo o professor, Ernandes estava acompanhado de uma menina e fez um pedido de carona depois de sair de um show em Itaipava, na Região Serrana do Rio.

— Ele estava com outros dois alunos da academia no show. Quando saíram, ele disse ter que encontrar uma menina e que ficaria por ali mesmo. Mas, após encontrar a garota, não conseguiu pegar um Uber, e resolveu andar com ela em direção a Nogueira. No meio do caminho, encontrou uma mulher, que era casada com um dos agressores, mandando os três homens entrarem no carro. O Ernandes passou e brincou: ‘Se eles não querem, dá carona para mim’ — conta Stoch a partir de relatos de testemunhas.

Segundo ele, a jovem que o acompanhava ainda completou a brincadeira do lutador: “Dá carona para a gente”. Os homens — Ramon Coelho Figueiredo, Matheus Amaral Montmor e Hudson Rodrigo da Silva Oliveira — entenderam a situação como uma forma de cantada e passaram a agredir Ernandes.

Segundo testemunhas, o lutador levou socos, chutes, pontapés e uma mordida no ombro esquerdo. Após alguns minutos sendo agredido, foi empurrado em um barranco, em uma área onde é realizada uma obra de contenção. Segundo a Polícia Militar, o jovem teve uma queda de cerca de seis metros. Ele já foi encontrado inconsciente e com uma ferida na cabeça.

O crime aconteceu na madrugada do último dia 24. Agentes do 26º BPM (Petrópolis) acionaram o Corpo de Bombeiros, que resgatou o jovem para o Hospital Santa Teresa, no Bingen. Stoch foi uma das primeiras pessoas a serem avisadas:

— Uma das pessoas que estavam lá e viram sabia que ele era meu aluno. Recebi a ligação por volta das 6h de domingo.

Após quase uma semana internado, Ernandes teve a morte cerebral declarada na manhã de sábado, dia 29. O corpo do jovem foi enterrado na manhã do último domingo, no Cemitério Municipal de Petrópolis. Ernandes era o mais velho de três irmãos e ajudava a mãe a sustentar a casa, com seu primeiro trabalho, em uma confecção da cidade.

— Nandim era como se fosse um filho para mim. O sentimento da gente é de tristeza e revolta. Foi um crime tão cruel, por uma banalidade. Se tivesse sido um acidente, saberíamos que era uma fatalidade, mas da forma que foi gera revolta. Queremos justiça — completa o treinador.

Os três acusados pelo crime foram presos em flagrante e tiveram as prisões convertidas em preventivas após audiência de custódia, realizada no dia 25. De acordo com o juiz Alex Quaresma Ravache, os “fatos constantes nos autos de prisão em flagrante relevam a gravidade concreta do delito e alta periculosidade dos custodiados”.

Fonte: Extra