TCE

  O
Parlamento britânico se rebelou nesta terça-feira (03) contra o
primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson, colocando em pauta
uma moção suprapartidária visando impedir uma saída sem acordo da União
Europeia (UE).
 Por 328 votos a favor e 301 contra, os
deputados aprovaram medida retirando do governo o controle da agenda
parlamentar e possibilitando que seja debatida nesta quarta-feira (4), em
caráter de urgência, uma legislação que obrigue Johnson a solicitar à UE um
novo adiamento do Brexit, caso não seja alcançado um acordo antes de 31 de
outubro.
 Johnson anunciou a apresentação de uma moção
para que o Parlamento decida sobre a convocação de eleições antecipadas, caso
seja aprovada uma lei que impeça um Brexit sem acordo. Johnson ameaçou convocar
eleições antecipadas – medida cuja aprovação necessita de dois terços dos votos
do Parlamento.
 “Não quero eleição, mas se os deputados
votarem amanhã para forçar outro adiamento inútil do Brexit, então esse será o
único modo de resolver isso”, afirmou o premiê.

 Perda de maioria

 Para chegar ao resultado, 21 deputados do
Partido Conservador votaram ao lado da oposição. A votação foi realizada horas
depois de Johnson perder sua maioria no Parlamento britânico, com a ida de um
deputado do seu Partido Conservador para o oposicionista Partido Liberal
Democrata.  
 O parlamentar Philip Lee anunciou num
comunicado sua mudança de partido, por não concordar com a postura do governo
em relação ao Brexit. Em carta endereçada a Johnson e divulgada no Twitter, Lee
afirmou que Londres está “perseguindo agressivamente um Brexit
prejudicial”. Ele acusou o governo de “usar manipulação política,
bullying e mentiras”.
 Johnson tinha até então uma maioria apertada,
de apenas uma cadeira, incluindo seus parceiros de coalizão, o Partido
Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte.

 Adiamento do Brexit

 Os legisladores retomaram os trabalhos nesta
terça-feira após o recesso parlamentar de verão. Entre 10 e 20 conservadores
dissidentes, incluindo o ex-ministro das Finanças Philip Hammond, planejaram
votar junto com a oposição e aprovar uma moção suprapartidária visando impedir
uma saída da União Europeia (UE) sem acordo em 31 de outubro.
 O projeto de lei exige que Johnson peça ao
bloco europeu que adie o Brexit para 31 de janeiro, a menos que o Parlamento
britânico aprove um novo acordo ou vote por um Brexit sem acordo até 19 de
outubro. 
 O primeiro-ministro insiste em manter em
aberto a opção do no deal (divórcio sem acordo com a UE), na tentativa de
forçar Bruxelas a fazer concessões de última hora e aceitar um acordo que seja
mais favorável economicamente ao Reino Unido.
 A decisão do premiê, na semana passada, de
suspender as atividades do Parlamento britânico  por cinco semanas, a
partir de 10 de setembro, acirrou ainda mais as tensões e gerou uma onda de
protestos pelo país. Muitos acusam Johnson de atentar contra a democracia.
 A manobra deixa os parlamentares pró-UE com
poucos dias para tentar impedir uma ruptura dolorosa com a União Europeia. Em
recesso de verão desde 25 de julho, o Parlamento britânico retomou suas
atividades nesta terça-feira e será suspenso novamente na próxima terça-feira.
 Desde que assumiu o cargo em julho, após a
renúncia de sua antecessora, Theresa May, Johnson promoveu uma reviravolta nas
tradições políticas do país e inflamou os ânimos tanto das correntes favoráveis
quanto das contrárias ao Brexit.
Fonte: Agencia
Brasil
Foto: Divulgação