TCE
Medicamentos já existentes e 
respiradores são ferramentas utilizadas para que o sistema imunológico do próprio paciente combata o novo coronavírus
Apesar dos esforços de pesquisadores no mundo todo, o tratamento da covid-19 ainda não dispõe de um remédio próprio. Os médicos contam apenas com os medicamentos já existentes e com os equipamentos de UTI, como o respirador, para fazer o sistema imunológico, que é proteção natural do corpo, combater o novo vírus, explica o infectologista Gerson Salvador, do Hospital Universitário da USP, em São Paulo.
“Cerca de 80% dos infectados pelo coronavírus apresentam sintomas leves que o próprio corpo, mesmo sem o auxílio respiradores mecânicos ou internações”, afirma.
As defesas naturais do corpo formam uma “barreira” contra o coronavírus ou outros patógenos que possam causar danos ao corpo.
“O sistema conta com duas formas de defesas. A defesa inata, como a pele e as mucosas, e a adaptativa, que é a imunidade que criamos ao entrar em contato com bactérias e vírus. Quando o coronavírus entra no corpo, quebrando as defesas inatas do infectado, penetra nas células e começa a se multiplicar”, explica a imunologista Carolina Aranda, do Departamento Científico de Imunodeficiências da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
“O corpo então reage liberando citocinas, um hormônio que estimula a produção de anticorpos contra o vírus por meio do linfócitos, que então o neutraliza, impedindo que ele entre nas células saudáveis e piore o quadro do paciente”, diz ela sobre a reação do corpo em relação à doença. 
O próximo passo do corpo é produzir imunoglobulinas, ou igG, que são células que geram imunidade do corpo para aquele vírus, uma espécie de memória para não ser reinfectado. Mas, a especialista ressalta que não existem testes conclusivos sobre quanto tempo dura essa memória, por isso, não se deve se expor ao coronavírus por já ter sido contaminado.
Papel dos remédios
Carolina explica que existem três fases da ação do vírus no corpo e destaca que os medicamentos que temos têm ação apenas em fases específicas, mas que os testes ainda não demonstraram uma melhora efetiva.
Quanto a cloroquina, Gerson Salvador tem uma postura mais clara.
“Os estudos disponíveis até agora apontam para ineficácia, além de aumento de eventos adversos como arritmias cardíacas, em pessoas com covid-19 em uso de cloroquina. Baseados nas presentes evidências, as sociedades nacionais e internacionais de infectologia são contra o uso da cloroquina em qualquer fase da doença”, completa.
“Alguns antivirais podem ser usados para que o vírus não se multiplique, que seria o estágio dois da doença. E, por fim, quando o corpo todo do paciente está inflamado usa-se o tocilizumabe, que impede que a inflamação leve o paciente à morte. Levando isso em conta, não acredito que teremos um remédio único em breve”, conclui sobre o uso desses medicamentos no tratamento da covid-19.
Ambos os especialistas afirmam que o vírus ainda é desconhecido em muitos sentidos e o método mais eficiente para combater a pandemia é o isolamento social. “É necessário ficar em casa, ficar em casa e ficar em casa”, enfatiza o infectologista.