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O aquecimento no Oceano Índico pode indicar, por exemplo, surto de dengue, abrindo a oportunidade de buscar um planejamento para evitar o agravamento da contaminação

 

Até o começo de maio, o Brasil registrou 4,5 milhões de casos prováveis de dengue e 2.336 mortes em razão da doença. Prever novas epidemias da virose é um desejo de líderes de diversas nações ao redor do mundo que sofrem com o problema. Agora, uma colaboração internacional de cientistas descobriu que o aquecimento do Oceano Índico pode servir como indicativo para novas crises relacionadas à dengue.

O estudo, publicado, na revista Science, aponta que as anomalias de temperatura na superfície do mar no Oceano Índico podem prever a magnitude das epidemias globais de dengue, oferecendo uma oportunidade para previsão e planejamento de respostas aos surtos. A doença afeta uma parcela significativa da população mundial.

Os sistemas de alerta precoce para dengue atualmente em uso se baseiam em indicadores climáticos, como precipitação e temperatura, para prever padrões da doença. No entanto, os efeitos de fatores climáticos de longa distância nos surtos de dengue ainda são pouco compreendidos. Usando modelos climáticos e dados de casos de dengue em 46 países do Sudeste Asiático e das Américas, os cientistas, liderados pela Universidade Normal de Pequim, na China, investigaram as associações entre padrões climáticos globais e a magnitude sazonal e interanual das epidemias.

Os resultados revelaram que o Índice de Bacia do Oceano Índico (IOBW), uma média das anomalias de temperatura na superfície do mar no Oceano Índico tropical, está fortemente ligado às epidemias de dengue nos hemisférios Norte e Sul. Conforme as descobertas, o IOBW nos três meses anteriores à temporada de dengue desempenha um papel crucial na previsão da magnitude da doença e no momento dos surtos anuais em cada hemisfério.

Segundo a equipe, a capacidade do IOBW de prever a incidência de dengue vem do seu impacto nas temperaturas regionais. Embora os cientistas sugiram que o IOBW facilite um planejamento mais eficaz para a resposta a epidemias, os autores destacam a necessidade de avaliações adicionais da tecnologia. “Embora nosso modelo demonstre sua capacidade de capturar padrões observados, seria precipitado fazer afirmações definitivas sobre sua capacidade preditiva sem uma validação rigorosa de dados futuros”, ressaltaram os estudiosos, em nota.

 

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Patrick Hertzog