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PUMA/DIVULGAÇÃO

Desde  que os protestos referentes ao Black Lives Matter contagiaram o mundo, as grandes companhias entraram na mira do consumidor, que, agora, cobra o endosso das empresas à causa negra. Nesse contexto, o Facebook, conhecido por minimizar discursos de ódio publicados na plataforma, tornou-se alvo de críticas por não adotar políticas claras para combater o preconceito em suas dependências virtuais. A negligência gerou até mesmo um movimento com a tag #StopHateForProfit. A ação ganha notoriedade na mídia conforme marcas como Adidas, Puma e Levi’s decidem se juntar ao protesto suspendendo as relações comerciais com a rede social na esperança de que medidas mais eficazes contra racismo, homofobia e xenofobia sejam implementadas por Mark Zuckerberg.


No século 18, o movimento abolicionista conseguiu atingir a indústria britânica sugerindo que o povo deixasse de comprar produtos fabricados por escravos. Desde então, os boicotes têm sido uma ação assertiva no combate ao racismo, apesar de ainda serem necessários muitos avanços.


Em 2017, várias companhias ameaçaram parar de anunciar no YouTube se a plataforma continuasse permitindo a publicação de vídeos racistas e homofóbicos. Três anos depois, a realidade no portal é outra. Caso haja sinais de discurso de ódio, a mídia é deletada do site.
Agora, chegou a vez do Facebook. Desde o lançamento do movimento #StopHateForProfit, idealizado por grupos de direitos civis após a morte de George Floyd, a lista de marcas que anunciaram boicotes à plataforma não para de crescer.
“Por mais de cinco anos, pedimos ao Facebook que fizesse a coisa certa e tornasse sua plataforma segura para os milhões de negros que a usam. Desde a monetização do discurso de ódio à discriminação em seus algoritmos, o Facebook se recusou a assumir a responsabilidade pelo ódio, preconceito e discriminação que crescem em suas plataformas” diz um comunicado no site da organização Color of Change.
ADIDAS/DIVULGAÇÃOCampanha Adidas
O #StopHateForProfit exige mudanças nas políticas do Facebook
@MARCJACOBS/INSTAGRAM/REPRODUÇÃOLoja de Marc Jacobs vandalizada na Rodeo Drive, em Los Angeles
Movimento foi originado após o #BlackLivesMatter
FACEBOOK/DIVULGAÇÃOMark Zuckerberg
Empresa de Mark Zuckerberg é acusada de ser permissiva com discursos de ódio
Apenas em junho, mais de 240 empresas se uniram à iniciativa, que demanda um comportamento mais enfático em relação às postagens preconceituosas feitas na rede social e recomenda a descontinuação das relações comerciais com a gigante da internet.
“Não há lugar para o racismo no mundo e não há lugar para o racismo nas mídias sociais. Vamos usar esse tempo para reavaliar nossa política de marketing e determinar quais revisões serão necessárias”, declarou James Quincey, CEO e presidente da Coca-Cola, ao suspender os anúncios da multinacional na plataforma.
Em meio ao apoio de companhias como Ford, HP, Starbucks, Microsoft, Pepsi e Unilever, as etiquetas Puma, Levi’s e Adidas, que também detém a Reebok, foram a público se posicionar contra a negligência do site de relacionamentos.
“A Adidas e a Reebok estão dedicadas a cultivar melhores práticas dentro da empresa, no Brasil e no mundo. Conteúdo racista, discriminatório e discursos de ódio nas redes sociais não têm lugar na nossa marca e nem na sociedade. Assim, pausaremos os testes feitos no Facebook e Instagram em julho. Nos próximos 30 dias, também desenvolveremos novos critérios para proteger nós, do Grupo Adidas, e todos os nossos parceiros”, afirmou a etiqueta alemã ao anunciar sua adesão ao #StopHateForProfit.
Após a movimentação, as ações do Facebook caíram 8,3% na New York Stock Exchange, a bolsa de valores da metrópole norte-americana, perdendo US$ 56 bilhões em valor de mercado.
À BBC, David Cumming, diretor do escritório de investimentos Aviva Investors, analisou que “a perda de confiança e a ausência de um código moral podem destruir os negócios” do grupo de comunicação de Zuckerberg. No entanto, para a iniciativa surtir um real efeito, é necessário que os empresários persistam no boicote.