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Ministro rechaçou a possibilidade de que esteja ocorrendo interferência do Executivo na corporação, mas cobrou isenção

 O ministro da Justiça, André Mendonça,
afirmou, nesta sexta-feira (03), durante uma live promovida pelo BTG Pactual,
que a “independência e autonomia” da Polícia Federal “não
significa soberania de atuação”. As declarações polêmicas foram feitas
após ele ser perguntado sobre suposta interferência política na corporação.
 De acordo com o ministro, o governo exige
atuação efetiva da instituição, e cobra resultados. “Essa independência e
autonomia que a PF tem, ela não significa uma soberania de atuação. Eu, como
Ministro da Justiça, demando uma atuação efetiva da PF. Eu cobro resultados, eu
quero saber se estão fazendo operações. Quais as dificuldades estão tendo para
tentar ajudar a solucionar”, disse Mendonça.
 De acordo com o ministro, é impensável que se
cogite interferência do governo na PF. “Então elucubrar uma interferência no
trabalho da Polícia Federal é impensável. E não é nesse governo. É em qualquer
governo. Qualquer governo que tente isso não vai ter êxito. Pelo contrário.
Terá contra si uma avaliação não só política, mas de uma situação de risco
jurídico evidente”, completou.
 Ele criticou o que chamou de
“punitivismo”, que na visão do ministro seria perseguição contra
determinado grupo. “O que a gente cobra: persigam o crime? Sim. Mas de
modo imparcial, de modo isento, sem perseguição a grupo A ou grupo B. Que tenham
uma atuação responsável”, disse.“ Eu não tenho que ter um punitivismo,
agora eu tenho que ter uma atuação séria e efetiva, eficaz no menor tempo
possível”, completou.
 André Mendonça, ex-advogado-geral da União,
passou a comandar o Ministério da Justiça com a saída de Sérgio Moro, que acusa
o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na corporação. O interesse do
chefe do Executivo seria proteger familiares e aliados que estão no alvo de
investigações.
Foto: Allan Santos