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Lucas Leto fala sobre ser um dos ‘crushes’ do momento e também sobre ser a referência para muitos outros jovens que, assim como ele, não se viam na TV

 

De Pernambués, em Salvador, para a novela Pantanal. Após a estreia no folhetim Bom Sucesso, Lucas Leto (23) experimentou o horário nobre da TV Globo. O ator, formado pelo renomado Bando de Teatro Olodum, conquistou não só o próprio espaço, mas também o público. Além de receber elogios pelo trabalho e beleza, agora, o artista é referência para muitos outros jovens que, assim como ele, não se viam na TV.

Feliz e meio envergonhado ao saber que é um dos crushes do momento, o baiano revela que o coração tem dono. “Estou comprometido”, avisa, durante relax em hotel de Santa Teresa, no Rio.

– Na primeira versão de Pantanal, seu núcleo era formado por atores brancos e, no remake, a família é negra. Qual é o impacto dessa mudança?
– Acho que muito desse sucesso também é dado pela representatividade. As pessoas se interessam pela novela porque elas se enxergam lá. Hoje, a gente tem muitas opções de produtos, de filmes, novelas e a gente pode escolher a que assistir. A gente tem uma maioria de população no Brasil que é negra, então, nada melhor do que parar para assistir e se ver nos personagens, sabe? E mais do que termos atores ali, a gente precisa também de profissionais negros atrás das câmeras, roteiristas, diretores… Esse é o ideal.

– O seu núcleo da novela debateu muito sobre racismo…
– Isso é muito bom, porque se a gente não usa essa ferramenta que chega para muitas pessoas para
mudar, para modificar a nossa sociedade, a gente vai fazer o quê? A gente tem esse espaço e precisa,
minimamente, fazer as pessoas se questionarem e debaterem.

– Quando era mais jovem, você sentia falta de se ver na TV?
– Completamente. Uma das minhas novelas favoritas quando pequeno era Da Cor do Pecado, porque olhava o Sérgio Malheiros (29) e eu me via, era uma criança preta ali. E tinha a Taís Araujo (43) também. Então, isso tudo fica guardado, isso é muito importante. A gente acha que não, mas você se ver representado, ver uma pessoa parecida com você ali, muda a vida, muda a história.

– E hoje você é a referência de outras pessoas. Como vê isso?
– Não fale isso não, porque é o que mais me emociona. Quando eu recebo mensagens de jovens pretos, periféricos, de Salvador, da Bahia, orgulhosos, comemorando isso, se enxergando ali, vendo que é possível, me emociona muito. É para isso que eu trabalho.

– O que fazia antes da fama?
– Comecei com 13 anos no teatro e fiz bastante coisa, porque eu nunca gostei de ficar parado. Então, fiz trabalho de animação de festa, de panfletagem… era uma maneira de estar em contato com o público e podia exercer essa comunicação, que sempre gostei. Trabalhei na escola como assistente de professor de arte e de dança.

– E sempre focado no que você queria, né? Você é uma pessoa bastante determinada?
– Sou capricorniano, boto um objetivo na minha cabeça e vou embora. Vejo o que preciso fazer para chegar lá. Primeira coisa: estudar, ter referências. Quando entrei no teatro para iniciantes, sonhava em fazer parte do Bando de Teatro Olodum, porque vi o filme Ó Paí, Ó, sabia que Lázaro Ramos (43) e o Érico Brás (43) tinham vindo de lá, e eu queria fazer parte disso. Fiz teste para oficina e passei. Fiquei sete anos viajando o Brasil com o grupo, fazendo espetáculos e aprendendo com eles.

– Você é um dos crushes do momento. Saber disso, de alguma foma, mexe com a autoestima?
– E é? (risos). É bom ver esses comentários. Eu gosto muito quando fala do trabalho. ‘Ele é um gato, está arrasando, adoro o papel dele…’, gosto quando essas duas coisas vêm juntas, sabe? E isso ajuda a autoestima, claro.

– Você tem a sua sexualidade muito bem resolvida e nunca a escondeu. Em algum momento teve medo de que isso poderia prejudicar sua carreira?
– As coisas são muito naturais para mim. Eu vivo na tranquilidade, não fico pensando muito nessas coisas, não. Gosto de fazer meu trabalho bem-feito, gosto de dar atenção para a minha família. Existe um glamour que a TV traz e tudo mais, mas nós continuamos sendo pessoas normais, com nossa vida, nossos trabalhos.

 

Fonte: Revista Caras

Foto: Divulgação