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ANS incentiva programas específicos para doenças mentais de operadoras

 Um mês de mobilização preventiva contra o
suicídio. A campanha Setembro Amarelo foi criada para informar sobre
depressão e outros transtornos mentais, uma vez que pensamentos que podem levar
ao suicídio têm relação com diversos quadros clínicos. O esforço para
combater essas doenças não está restrito ao Sistema Único de Saúde (SUS). 
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) usou a data para incentivar
planos de saúde a oferecerem programas preventivos. Atualmente, o cadastro da
autarquia já totaliza 42 iniciativas, que abrangem várias áreas de atenção,
incluindo a de saúde mental.
 A Agência
Brasil
contatou duas operadoras de saúde, para conhecer seus
respectivos programas. O Única Mente, da SulAmérica, e o Reinventar, da Caixa
de Assistência à Saúde da Universidade/UFMG (Casu), que tratam especificamente
de saúde mental.
 O programa Reinventar foi lançado este ano e
contou a adesão de cerca de 30 pessoas, demanda que, segundo a gerente de
Promoção da Saúde da Casu, Janaína Baronto, superou as expectativas. Na
avaliação da profissional, um foco maior na Atenção Primária tem impulsionado a
expansão do que chama de “metodologia de autocuidado aplicado”.
 Janaína afirma que essa tendência
reforça a noção de que a saúde do indivíduo deve tratada como um todo.
Alguém com diagnóstico de depressão grave, exemplifica ela, não pode ser
instruído apenas sobre diabetes, mas também sobre a importância de se alimentar
corretamente, porque, com tal estado mental, poderia até mesmo estar pulando
refeições.
 “Se um [aspecto da saúde] não estiver bem, [o tratamento] não
vai dar certo “, diz.
 A coordenadora do setor de Práticas de Saúde
Integradas da Casu, Larissa Garbocci, comenta que não é a primeira vez que o
plano desenvolve um programa na área de saúde mental, tendo implantado outro há
alguns anos. O projeto foi descontinuado por volta de 2011, devido a mudanças
na diretoria da associação. 
 Foi por notar um aumento nos atendimentos de
psiquiatria e psicologia que a Casu decidiu implantar novamente a ação. O balanço
anual da ANS confirma a alta procura por profissionais de saúde mental. Tanto
em 2017 quanto em 2018, a consulta com psicólogos foi o segundo procedimento
ambulatorial mais frequente, perdendo apenas para as sessões com
fisioterapeutas. Nessa lista, entram também consultas e sessões com
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas.
 No segundo semestre de 2017, foram
realizadas 8,2 milhões de consultas ou sessões com psicólogos. No
mesmo período de 2018, o número de atendimentos superou os 9 milhões. As
consultas psiquiátricas também apresentaram aumento. No segundo semestre de
2017 foram 2.312.341. No mesmo perído do ano seguinte foram 2.515.989
consultas ou sessões.
 “O objetivo do programa é visar o
autoconhecimento, a inteligência emocional, estando pautado na história de cada
um, no reconhecimento de habilidades individuais. Não foca em associado que já
esteja adoecido, porque, no trabalho em grupo, a gente tem que tomar cuidado
com isso. Por isso, é pensado de uma forma mais preventiva, porque tem questões
que a gente não consegue trabalhar em grupo”, esclarece Larissa.
 Para a assistente social, trabalhar de forma
coletiva faz com que os participantes do programa percebam seus problemas sob
outro ângulo. “Às vezes, sozinho, ele acha que é uma coisa só dele”,
diz.

 Acolhimento

 O Única Mente, da SulAmérica, conta com
70 psiquiatras e 40 psicólogos. Um dos principais objetivos é agilizar e
priorizar pacientes com transtorno mental no agendamento de procedimentos
médicos.
 A diretora técnica médica da SulAmérica,
Tereza Veloso, ressalta que, de 2017 para 2018, houve um crescimento de 180% em
consultas psiquiátricas e 79% em sessões de psicoterapia, entre os
usuários do plano. Segundo ela, muitas demandas de saúde mental também têm
aparecido nos demais programas que a operadora mantém.
 O programa tem duas linhas: a disponível
para os beneficiários do plano em geral e a empresarial, que leva o serviço a
companhias interessadas. “O programa tem um braço que cuida do individuo,
alguém que procurou a gente, seja através de uma consulta ou através de um
programa de gestão em saúde ou porque ligou pra nossa central de orientação e
pediu uma ajuda, ele é acolhido e passa a ser atendido por uma equipe
multiprofissional, de psicólogos, psiquiatras e enfermeiros especializados em
doenças psiquiátricas. Nesse período, ele passa a não ter mais limite
na quantidade de acesso a consultas, psicoterapia. O programa é desenhado com
base nas necessidades do indivíduo”, detalha.
 “No país, ainda existe um receio muito
grande de se expor, quando você tem alguma doença psiquiátrica. Mais do que
qualquer coisa, esses pacientes precisam ser acolhidos de alguma forma e entender
que precisam ser cuidados e reabilitados. Em paralelo, existia um pedido forte
das empresas para que a gente pudesse ter um braço de atuação dentro
delas, pra ajudar na prevenção”, acrescenta.

 Rol de procedimentos

 Para garantir que pacientes com transtornos
dessa natureza tenham um atendimento adequado, a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) também exige das operadoras de planos de saúde que cumpram
uma série de regras. Os procedimentos estão previstos na Resolução Normativa nº
428/2017 e visam resguardar os direitos dos pacientes quanto a consultas
médicas, internação hospitalar, consultas com psicólogo e terapeuta ocupacional
e atendimento em hospital-dia psiquiátrico. 
 Pessoas com diagnóstico de transtornos de
personalidade, por exemplo, têm assegurado um mínimo de 18 sessões de
psicoterapia por ano. A quantidade também é garantida a pacientes com
transtornos do humor, como depressão e transtorno afetivo bipolar.
 Na resolução, a ANS também destaca que os
planos de saúde devem colaborar para desestigmatização de pessoas com
transtornos mentais. As operadoras têm, ainda, o compromisso de contribuir para
disseminar uma cultura contra a institucionalização desses pacientes. A posição
da autarquia é de que a internação psiquiátrica seja empregada apenas em último
caso e mediante indicação de um médico assistente. O entendimento é de que se
priorize o atendimento ambulatorial e em consultórios.
Fonte:  Agencia Brasil
Foto:  Divulgação