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Estudo é parte de ação da Organização Mundial da Saúde sobre covid-19

 A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai iniciar
um grande estudo clínico no Brasil, parte de uma ação global da Organização
Mundial da Saúde (OMS), sobre a covid-19. A fundação será a responsável, no
Brasil, pela liderança do ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), lançado na
sexta-feira (20) e que avaliará as melhores formas de tratamento para o novo
conoravírus.
 Para tanto, já foi iniciada a construção do
Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19, uma expansão do Instituto
Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). O local, uma unidade
hospitalar de montagem rápida, vai ofertar, nos próximos 40 dias, 100 leitos
para pacientes graves da doença e, posteriormente, mais 100 leitos.
 As vagas serão reguladas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), que indicará os pacientes a serem encaminhados para o local, que
terá leitos para tratamento intensivo e semi-intensivo.
 A diretora do INI/Fiocruz, Valdiléa Veloso,
explicou que o estudo será feito em 18 unidades hospitalares, em 12 unidades
federativas: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará e
Amazonas.
 “Ameaças globais exigem respostas globais e
operação global. Essa é a importância desse estudo. Nós fizemos um
levantamento, existem muitos ensaios, mas a maioria inclui um número muito
pequeno de casos, com o risco de não conseguirem dar a resposta para a
pergunta: que medicamentos funcionam e que medicamentos não funcionam?”, disse
Veloso.
 O objetivo do ensaio clínico é dar uma
resposta rápida sobre que medicamentos são eficazes no tratamento da covid-19 e
quais não são. Segundo a diretora do INI/Fiocruz, serão inicialmente utilizadas
quatro linhas de tratamentos, que podem ser descartados ou intensificados no
decorrer do tempo, de acordo com as respostas obtidas na evolução clínica dos
pacientes. Elas incluem o uso exclusivo ou combinado de cloroquina,
hidroxicloroquina, rendezivir, lopinavir, ritonavir e interferon.
 No Brasil, o principal centro do estudo será o
que está sendo construído no INI/Fiocruz. No Rio de Janeiro participarão também
os hospitais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(Unirio), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e Hospital dos
Servidores.
 A estimativa é fazer o estudo com 1,2 mil
pacientes em todo o país, que serão incluídos após assinar um termo de permissão.
Segundo a Fiocruz, o custo será de R$ 4 milhões, com recursos do Ministério da
Saúde. Os medicamentos para o ensaio clínico serão enviados pela OMS.
 Na coletiva de imprensa online promovida pela Fiocruz,
o subsecretário-geral da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Roberto Pozzan,
destacou a importância das evidências científicas para lidar com o problema.
 “A epidemia está avançando, está saindo dos
hospitais privados e começando a chegar aos hospitais públicos. A SES tem se
preparado para esse momento, se articulando com todos os entes e oferecendo
alternativas o mais rápido possível para acolher todos os pacientes. Não
podemos esquecer a importância da ciência, que melhor responde em momentos de
crise. Estamos alinhados ombro a ombro com a Fiocruz nessa questão.”
 A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade,
explicou que os principais objetivos da instituição são salvar vidas e proteger
o SUS, contando para tanto com pesquisa, ensino e desenvolvimento científico.
 “Temos uma história de 120 anos lidando com
emergências sanitárias, em infectologia, combinando vigilância, pesquisa,
atenção básica e especializada. É essa história que nos permite hoje estar,
comprometidos como somos com o SUS, inteiramente voltados para minorar ao
máximo os efeitos dessa pandemia, que vão além da saúde”.
 Nísia destacou que a Fiocruz montou um
observatório da pandemia para acompanhar as implicações sociais e de saúde da
covid-19 no Brasil, além de trabalhar em parceria com a organização
internacional Médicos sem Fronteiras, para a troca de experiência em situações
de emergência e como outros países estão lidando com a situação.
 Ela lembrou, ainda, que a Fiocruz está com um
edital aberto para a contratação de mais de mil profissionais de saúde que
atuarão no novo centro do INI/Fiocruz e em toda a rede da instituição. Nísia
garantiu também que a unidade de produção de medicamentos Farmanguinhos tem
capacidade instalada para a produção de remédios para suprir a demanda
decorrente da pandemia, assim que for definido qual o melhor tratamento. “É a
nossa fortaleza”, disse a presidente da Fiocruz.
Foto:  Bernardo
Portella