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Roraima (RR) – Um líder indígena, identificado apenas como Cleomar, de 46 anos, morreu e um adolescente, de 15 anos, ficou ferido após um ataque a tiros de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, na comunidade Napolepi, em Roraima.

Em nota, divulgada pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), o ataque ocorreu no último domingo (2), quando os indígenas estavam em uma cantina, onde garimpeiros vendem itens de alimentação, próximo à comunidade de Napolepi, no rio Uraricoera.

“Segundo informaram, um pequeno grupo de aproximadamente cinco Yanomami estava na cantina do Dentinho, próximo à comunidade de Napolepi, no rio Uraricoera, quando o dono da cantina alertou que um grupo de garimpeiros membros de uma facção estavam vindo para atacá-los”, diz trecho da nota.

Antes do ataque, o garimpeiro da cantina avisou aos yanomami que um grupo de garimpeiros membros de uma facção iriam atacá-los.

A informação teria sido divulgada em grupos de whatsapp por onde os garimpeiros de comunicam.

“Diz-se que o garimpeiro soube do ataque iminente em grupos de whatsapp por onde se comunicam os garimpeiros ‘que atacam pessoas’, que se denominam de ‘lobos’”, diz a nota.

As vítimas não teriam tido chance de se esconder, quando foram surpreendidos pelos garimpeiros que chegaram em dois barcos e disparam contra os indígenas, que tentaram se jogar no rio.

A liderança do povo foi atindido por vários por vários tiros na testa e no tórax. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu.

Um adolescente de 15 anos também foi caiu sobre um dos barcos e foi baleado no rosto e na nuca. Ele foi socorrido com vida ao Hospital Geral de Roraima por um Yanomami.

Cleomar foi enterrado na comunidade de Napolepi, onde os indígenas têm por costume sepultar seus mortos.

Os Yanomamis relataram que não sabem o motivo do ataque, mas uma das suspeitas é devido ao sumiço de uma caixa de cachaça e acusação de furto por partes do indígenas.

Garimpeiros instalados próximos à comunidade de Napolepi negaram terema participado do ataque, que teria sido promovido por garimpeiros membros de facção que estão instalados rio acima.

A Associação enviou o documento ao Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Polícia Federal.

“É de extrema gravidade que Yanomamis reunidos pacificamente nas mediações de sua própria comunidade sejam friamente atacados por armas de fogo, levando à morte e ferimentos graves”, diz a nota.

“É urgente que se proceda com a desintrusão total do garimpo na Terra Indígena Yanomami e, especificamente, seja concluída a reconstrução da BAPE Korekorema. Urgente, ainda, a presença ela Força Nacional na região para impedir novos ataques de garimpeiros contra as comunidades Yanomami, e neutralização de membros de facção que se organizam nos focos garimpeiros instalados no rio Uraricoera”, finaliza.

Fonte: Uol